NOSSAS EXPERIÊNCIAS: 2011-12-04

10 de dez. de 2011

Morte por acoolismo é quase igual aos de usuários de crack



Não é só o crack que provoca um elevado número de mortes entre os usuários de drogas. Segundo pesquisa inédita feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o índice de mortalidade entre dependentes de álcool no Brasil está próximo do registrado entre usuários de crack.
A pesquisa inédita feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que, em cinco anos, 17% dos pacientes atendidos em uma unidade de tratamento da zona sul de São Paulo morreram.
De acordo com o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador do estudo, o número é altíssimo. E se comparado a outros países, como o da Inglaterra onde o índice não ultrapassa 0,5% ao ano, o Brasil está num patamar muito elevado, explica o médico.
O estudo foi realizado entre usuários de crack e demonstrou que 30% morreram num período de 12 anos.
A pesquisa sobre dependência de álcool procurou, depois de cinco anos, 232 pessoas que haviam sido atendidas num centro do Jardim Ângela, zona sul, em 2002. Desse grupo, 41 haviam morrido – 34% por causas violentas, como acidentes de carro ou homicídios.  Outros 66% foram vítimas de doenças relacionadas ao alcoolismo.
O psiquiatra afirma que os resultados mostram a falta de uma rede de assistência para esses pacientes. E diz ainda: todas as fases do atendimento são deficientes, desde o serviço de urgência, para o dependente em crise, até a rede de assistência psicossocial.
Os altos índices de mortalidade entre dependentes de álcool, principalmente nos casos mais graves ocorrem entre pessoas de classes menos privilegiadas, aponta o trabalho.
No grupo avaliado na pesquisa da Unifesp, a totalidade dos pacientes atendidos era de classe E e D e 52,2% estavam desempregados, com idade média de 42 anos.
O resultado da pesquisa faz o psiquiatra afirmar que com um índice de mortalidade de 17%, qualquer fator protetor, grupo de apoio ou auto-ajuda  ou o fator religioso deve ser estimulado, sem preconceito.
Brasileiros bebem mais de vinte litros de álcool por ano.

O consumo de álcool no Brasil está em nível mais elevado que qualquer outro país do mundo. De acordo com a OMS, no país o índice é quase 50% superior à média mundial e o comportamento de risco já supera o padrão da Rússia.
Segundo levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) os brasileiros, de ambos os sexos, com mais de 15 anos bebem o equivalente a dez litros de álcool puro por ano – a média no mundo é de 6,1 litros. Entre os homens que bebem a taxa é de 24,4 litros de álcool por ano e entre as mulheres, de 10 litros/ano.
Os números do Brasil estão também bem acima dos registrados em países latino-americanos, de oito litros por ano por pessoa.
De acordo com a OMS, o avanço do álcool no Brasil é bastante preocupante, já que o álcool mata mais que epidemias de Aids, tuberculose e violência ou guerras, sendo responsável por 4% de todas as mortes no mundo. No total, o número de vítimas chega a 2,5 milhões de pessoas por ano.
No Brasil, o álcool é responsável por 7,2% das mortes – índice quase duas vezes superior à média mundial. Cerca de 30% da população que admite beber frequentemente  afirma  que  se  embriaga  pelo  menos  uma  vez  por semana. Nos EUA, a taxa é de 13%, contra 12% na Itália. Mesmo na Rússia, o índice daqueles que exageram na bebida é inferior ao do Brasil: 21%. Outros países do Leste Europeu têm taxas inferiores às do Brasil.
A bebida mais ingerida e preferida pela população brasileira é a cerveja. Ela é responsável por 54% do consumo no país. Mas os destilados, como uísque e conhaque, representam 40%, uma taxa também considerada alta. O vinho corresponde a cerca de 5% apenas.
Uma das sugestões apontadas por algumas entidades e ONGs foi restringir a propaganda de bebidas alcoólicas. Entretanto, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, descartou qualquer iniciativa de legislar sobre o tema, afirmando defender uma conversa com a indústria.

25% dos brasileiros bebem muito

“Beba moderadamente”. A frase repetida em quase todos os comerciais de bebidas alcoólicas no Brasil parece não ter efeito. Enquanto metade da população brasileira se diz abstêmia, aqueles que bebem apresentam alto nível de consumo. Apenas um quarto dos brasileiros consome 80% do álcool ingerido no país.
Os dados são de realizado pela Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), publicado pela “Revista Brasileira de Psiquiatria”.
É primeiro levantamento do gênero no país. Foram entrevistados 2.346 indivíduos com mais de 18 anos em 143 cidades.
Os resultados mostram que 48% não haviam ingerido álcool nos últimos 12 meses. Porém, do total da amostra, 28% relataram pelo menos um episódio de crise de ingestão (“binge drinking“, mais de cinco doses em homens e quatro em mulheres em uma ocasião).
Outro dado alarmante revela que um quarto da amostra relatou ao menos um tipo de problema relacionado ao álcool (entre questões de saúde, familiares, no trabalho e violência), 3% preencheram os critérios para abuso e 9%, para dependência química.
No Sul consome-se com maior frequência; nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, em maior quantidade.

Outro problema apontado é que o alto consumo de álcool continua até por volta dos 40 anos de idade. Em outros países, a ingestão cai após os 20.
Segundo a pesquisa, a bebida mais ingerida é a cerveja (mais de 60%), seguida do vinho.
Psicólogo alerta que o álcool é um dos mais graves problemas sociais.
Você sabe o que é “binge drinking” ou “beber em binge”? É o termo utilizado para se referir às pessoas que não têm o hábito de beber, mas que, esporadicamente, bebem em grande quantidade. De acordo com o psicólogo Dionísio Banaszewski, especialista em trabalhos de prevenção, orientação e tratamento de dependentes químicos, essas situações são responsáveis por grande parte dos acidentes de trânsito registrados em todo o país. Estima-se que, nos finais de semana, pelo menos 400 pessoas morram em acidentes de trânsito no Brasil. Cerca de 60% dessas mortes no trânsito são causadas por imprudência devida ao consumo de bebidas alcoólicas.

Para se reduzir esses números, segundo o especialista, é preciso se investir em orientação e informação. Em 2003, quando presidiu o Conselho Regional de Psicologia do Paraná, Dionísio promoveu uma parceria entre o CRP-PR e varas de delito de trânsito para levar orientação a pessoas que estavam sendo julgadas por crimes de trânsito. Em quase a totalidade dos casos analisados, foi constatado que havia consumo de bebidas alcoólicas. Pela relevância do trabalho desenvolvido, o CRP-PR foi condecorado com menção honrosa no Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito.
“Quando se leva informação às pessoas, o comportamento muda”, garante o psicólogo. Dionísio Banaszewski critica a impunidade em relação aos crimes de trânsito no Brasil. Na maioria das vezes, os causadores de acidentes pagam fianças e permanecem em liberdade. Mesmo nos casos de maior visibilidade, em que a sociedade toma conhecimento e manifesta indignação, as histórias raramente terminam em punição exemplar, como prisão dos criminosos, por exemplo. “É preciso fazer uma soma de trabalhos nas mais diferentes frentes, desde a prevenção até a punição. Defendo a educação continuada, que envolve orientação, fiscalização e punição nos casos de crimes”, afirma. Um exemplo da indignação do especialista é o fato de a lei permitir que os motoristas se neguem a fazer o exame do bafômetro. “Quem não deve não teme. O bafômetro pode ser uma defesa para quem não ingeriu bebidas alcoólicas, uma prova a seu favor. Por outro lado, não fazer o exame deveria ser visto como presunção de culpa”, argumenta, defendendo mudanças na lei. “Está mais do que na hora de nossos legisladores pensarem nisso”, alfineta.

Fonte:  www.corposaun.com

9 de dez. de 2011

CONSUMO DE ÁLCOOL REFLETE EM SÉRIAS CONSEQUÊNCIAS



A Organização Mundial da Saúde(OMS) fez um alerta recentemente de que o álcool chega a ser responsável por até 4% das mortes no mundo. A bebida está relacionada com diversas questões sociais muito sérias como, abusos e negligência infantil, violência e faltas ao trabalho. Foi constatado que a porcentagem de mortes por álcool está à frente de mortes causadas por Aids, tuberculose e a própria violência. Segundo a OMS, o uso exagerado do álcool provoca 2,5 milhões de mortes todos os anos em pessoas com idades entre 25 e 39 anos.
 “O alcoolismo é uma doença séria que compromete a saúde física e mental e precisa ser tratada adequadamente para evitar conseqüências graves. Um grande problema que envolve as pessoas dependentes de álcool é a resistência ao tratamento, muitos deles passam por diversas clínicas, desistem do tratamento e voltam para o vício, prejudicando ainda mais a saúde e também todo o ciclo social e familiar do qual faz parte”, explica à psicóloga e tutora do Portal Educação, Denise Marcon. Uma sugestão da OMS para o problema é que o governo faça uma recomendação para que os mercados regulem a venda de bebidas, principalmente entre os jovens. Além disso, sugerem regulações e restrições à disponibilidade do álcool, políticas apropriadas implantadas no trânsito e implantação de impostos mais altos. O álcool é absorvido principalmente no intestino delgado, e em menores quantidades no estômago e no cólon. A concentração do álcool que chega ao sangue depende de fatores como: quantidade de álcool consumida em um determinado tempo, massa corporal, e metabolismo de quem bebe, quantidade de comida no estômago. Quando o álcool já está no sangue, não há comida ou bebida que interfira em seus efeitos. Os efeitos do álcool dependem de fatores como: a quantidade de álcool ingerido em determinado período, uso anterior de álcool e a concentração de álcool no sangue.

A relação entre crianças e bebidas alcoólicas 

 Um churrasco em casa no final de semana, uma festa em família, refeições regadas a vinho, cerveja e outras bebidas. O fato de a grande maioria das situações sociais terem como uma das atrações as bebidas alcoólicas faz com que, desde crianças, as pessoas vejam as bebidas como inofensivas companheiras das mais diversas situações, alegres e tristes. Por isso, o consumo de álcool – e os problemas derivados disso – tem começado cada vez mais cedo.
Desde a Antiguidade, a bebida alcoólica sempre foi símbolo da busca da alegria. Nas Mitologias grega e romana, por exemplo, as festas eram sempre regadas a vinho e outras bebidas, como forma de incentivar as pessoas a se soltarem e se divertirem – o que invariavelmente acabava com a perda das noções de limite, brigas, sexo desmedido, entre outras situações. De lá pra cá, as bebidas se firmaram como coadjuvantes da diversão,  mesmo sem levar em consideração a idade dos consumidores.
De acordo com o psicólogo Dionísio Banaszewski, que há mais de vinte anos se dedica ao estudo e ao combate à dependência química, não é por acaso que há proibição de venda de bebidas para menores de 18 anos. “O filósofo Platão, já no século IV AC, alertava que as crianças não deveriam consumir bebidas alcoólicas porque não tinham ainda responsabilidade sobre seus atos para saber o momento de parar”, afirma. Além disso, a própria estrutura física e psicológica dos jovens é mais frágil do que a dos adultos e, por isso, eles apresentam mais riscos de desenvolver dependência e de ter conseqüências graves pelo consumo.
No entanto, é raro conhecer alguém que não tenha ao menos experimentado bebidas alcoólicas antes dos 18 anos. “Isso acontece porque o consumo é incentivado em todas as situações sociais, mesmo dentro de casa. Via de regra, as pessoas começam a beber em casa”, lembra o especialista.
A maior inquietação da atualidade, segundo o psicólogo, é a compulsividade. “A coletividade vive hoje uma peste emocional, que é o comportamento compulsivo. Ele se manifesta de várias formas, seja a busca desmedida pela beleza física, a ansiedade, a competitividade, o consumis-mo e, claro, o uso de drogas e bebidas alcoólicas em exagero. Isso acontece porque as pessoas têm dificuldade de confrontar qualquer frustração, buscando pseudo-prazeres”, comenta. “Mas a maturidade só pode vir da superação dessas frustrações. A própria natureza nos mostra isso: crescer envolve sofrimento, nascer significa sair do conforto do útero. E assim a vida segue, com limitações e vitórias diferentes em cada etapa”, completa.
O especialista alerta, portanto, que o trabalho de prevenção deve envolver a mudança dessa base, preparando a criança para lidar com as mudanças que a vida traz. “Os adultos são os modelos das crianças. Os pais deve  refletir  sobre isso, pois são o referencial de seus filhos e, muito provavelmente, seus atos serão repetidos por eles em algum momento”, conclui o psicólogo.

Drogas lícitas

Drogas lícitas são drogas que tem a sua produção e seu uso permitidos por lei, sendo liberadas para comercialização e consumo, tais como as bebidas alcoólicas e cigarros.
Observa-se aqui que o fato de serem liberadas não significa que não tenham algum tipo de controle governamental, bem como não provoquem algum prejuízo à saúde mental, física e social. Isto dependerá de múltiplos fatores tais como quantidade, qualidade e frequência de uso.
As drogas lícitas mais consumidas pela população em geral são: álcool, tabaco, benzodiazepínicos (remédios utilizados para reduzir a ansiedade ou induzir o sono); xaropes (remédios para controlar a tosse e que podem ter substâncias como a codeína, um derivado do ópio); descongestionantes nasais (remédios usados para desobstruir o nariz) os anorexígenos (utilizados para reduzir o apetite e controlar o peso);Suplementos alimentares e os anabolizantes (hormônios usados para aumentar a massa muscular).
Resumo
Objetivo:
Problemas relacionados ao consumo de álcool são freqüentes, especialmente entre a população jovem. Analisamos a publicidade
como um dos fatores passíveis de modificação com impacto no aumento do consumo de álcool.
Método: Foi realizada uma revisão
bibliográfica de trabalhos que investigaram de diversos pontos de vista o impacto da publicidade do álcool sobre o consumo. A busca foi
feita nas bases de dados Medline, SciELO, PsychoInfo e Google Scholar no período entre 1990 e 2008 e utilizou-se a técnica de “bola
de neve” para a indicação de autores mais profícuos na área. Obtiveram-se mais de uma centena de artigos.
Resultados: O conjunto
de trabalhos aponta que fatores como exposição à publicidade e atratividade da publicidade de bebidas alcoólicas estão relacionados
com uma maior expectativa de consumo futuro e com um consumo maior e mais precoce, principalmente entre adolescentes e adultos
jovens. Apesar das dificuldades metodológicas, estudos econométricos mais recentes consideram que a redução e/ou banimento
de publicidade teria efeito de redução do consumo de álcool. Questões referentes às bases neurofisiológicas do processo de tomada
de decisões e da liberdade de escolha no contexto da exposição à publicidade também são discutidas.
Conclusões: O conhecimento
atual sobre o tema indica que a redução da exposição à publicidade tem impacto sobre o consumo de álcool, principalmente entre os
mais jovens.
Descritores:
Álcool; Consumo de bebidas alcoólicas; Adolescentes; Transtornos relacionados ao uso de álcool; Controle da publicidade

"Fazia roleta-russa com um revólver calibre 22"

Crack: "Fazia roleta-russa com um revólver calibre 22"

Henrique Skujis e Maria Paola de Salvo | 02/06/2010

“Meus pais sempre foram muito rígidos. A primeira vez em que me autorizaram a viajar sozinho, fui para Maresias e experimentei maconha. Dois anos depois, cheirei cocaína. Quando a gente se mudou do Butantã para a Granja Viana, pedi ao pessoal da minha classe para não deixar de me chamar quando fossem fumar um. O problema é que logo na primeira vez me falaram que a droga era outra, o crack.
Fomos até a favela, em Carapicuíba, compramos, e eu experimentei. Em menos de dez segundos, meu corpo relaxou e comecei a suar frio. Foi uma enorme e rápida sensação de prazer. Daí você logo quer mais. No fim de semana seguinte, estávamos na favela de novo. Na terceira vez, já ia para lá sozinho. Passei um ano inteiro usando quase todos os dias. Perdi 12 quilos e fui demitido de um restaurante bacana no Itaim, onde trabalhava como chef (P.F. é formado em gastronomia pela FMU). Chegou um dia em que não queria mais usar. Mas não conseguia parar. Ia para a boca comprar chorando.
Um amigo meu se enforcou, outro pulou do prédio. Eu também queria morrer. Fazia roleta-russa com um revólver calibre 22 e cheguei a tomar uma caixa de ansiolítico. Fiquei três dias na UTI. Já tive duas recaídas, mas quero esquecer tudo isso. Estou limpo há seis meses.”
P.F., 31 anos, chef de restaurante. Ele passa o dia (9h às 18h) na Clínica Alamedas, na Alameda Franca. Paga 350 reais pela diária e mais 150 reais pelo acompanhamento de um terapeuta no período em que está fora dali



Crack: "Em três tragos, estava viciado"

Henrique Skujis e Maria Paola de Salvo | 02/06/2010

“Sou de um tempo em que usar maconha era sinal de contestação. Sempre tive uma vida boa. Filho de sociólogos, morei seis anos nos Estados Unidos. Saía do Colégio Equipe, onde estudava, e ia fumar um baseado com os amigos. Não demorou muito e experimentei cocaína, aos 17 anos.
Aos 20, virei comissário de bordo da Varig e passei a fazer voos internacionais. Cheirava carreirinhas de pó até voando, mas ninguém percebia. Era possível entrar em todos os países com a droga. Depois da quebra da Varig, fiquei sem emprego. Passei a trabalhar como tradutor e, em 2005, comprei um táxi. Circulava de madrugada e levava prostitutas para comprar droga. Um dia, uma delas me ofereceu crack. Bastaram três tragos para eu me viciar. Ia para o motel, me trancava no quarto com minha namorada e consumia umas catorze pedras.
Gostava de fumar uma enorme, chamada “juremona”, que custa 100 reais. Cheguei a gastar 500 reais num único dia. Vendi meu paraglider, que era a coisa que mais amava. Fui perseguido duas vezes por policiais e, numa delas, acabei na delegacia. Por falta de concentração, não conseguia mais traduzir textos nem tinha vontade de guiar. Internei-me pela primeira vez em novembro do ano passado. Fiquei limpo por uns quatro meses. Recaí e voltei a me internar em abril.”
A.D., 44 anos, dois filhos, tradutor, ex-comissário de bordo da Varig


8 de dez. de 2011


"Drogas são subtração ! Viver sem elas é evolução!

Henrique Skujis e Maria Paola de Salvo | 02/06/2010
M.G.O., 41, empresário, dono de postos de gasolina: "virei um noia"
Fernando Moraes
“Nasci e cresci no Itaim e sempre estudei em escolas particulares. Aos 16 anos, era um maconheiro inveterado. Não apenas por modismo, mas também porque tinha autoestima baixa e era tímido. Passei a usar cocaína e injetáveis. Descobri como se fazia crack em casa e passei a fumar.
Tive dois filhos e, em 1999, depois de tentar parar, eu me internei pela primeira vez. Fiquei limpo por mais de cinco anos, quando decidi voltar a estudar. Em 2006, finalmente eu me formei em administração e, para comemorar, decidi tomar uma cerveja. Mas o álcool é um gatilho para a droga. Recaí e fumei todas as pedras a que tinha direito. Sou daquele tipo que acaba com o estoque do traficante. Apesar disso, nunca deixei de atender às necessidades de meus dois filhos e de minha mulher.
Hoje alterno períodos de seis meses sem usar, mas sempre recaio. Chego a ficar dois dias fora de casa. Virei um ‘noia’. Por insistência da família, decidi me internar no último dia 8. Fui para a clínica só com a roupa do corpo e com a vontade de ficar livre disso de uma vez por todas. Hoje sei que sou doente. Preocupo-me com meus filhos e com minha mulher, que nem sei mais se ainda tenho.”
M.G.O., 41, empresário, dono de postos de gasolina
anderson José Capelari
"Caro amigo(a) em recuperação, Fico imensamente feliz em poder compartilhar o que foi o álcool e as drogas em minha vida. Como entrei nesse mundo, o que vivi e como consegui me recuperar. Deixo aqui um depoimento do que foi minha trajetória diante do álcool e demais drogas.
Nunca sabemos quem será um dependente, muitas são as causas do uso freqüente e indiscriminado do álcool: por carências, por falta de auto-estima, por decepções, por falta de coragem em enfrentar o duvidoso; o que pode levar ao vicio, à dependência. Um fator que faz fatalmente a diferença é a existência da carga genética. No meu caso o que me levou a beber cada vez mais e mais provavelmente, foi a carga genética. Existiam casos em minha família, pelo lado do meu pai. Familiares próximos de pessoas alcoólatras, apresentam um risco quatro vezes maior que indivíduos que não têm familiares alcoólatras.
Sempre tive o álcool na minha família, desde criança presenciei cenas de violência, desamor, dissabores, falta de auto-estima, falta de dignidade e coragem, em meu querido pai, que também foi um doente do álcool, e por esta razão veio a falecer. Meu pai não era uma má pessoa, muito pelo contrário, mas, se tornava uma pessoa decadente quando estava fora de si e sob o efeito do álcool. Pois quando ingerimos qualquer tipo de droga deixamos de ter uma alma autêntica, passamos a ter um eu que não existe quando estamos sãos ou sóbrios.
As características que meu pai apresentava eram resultantes da doença que também adquiri por herança genética. Eu deveria ter me tornado justamente o inverso de meu pai, ter observado mais o que acontecia com ele, ter mais audácia, mais amor e ser uma pessoa sempre alegre, amorosa, que deixasse meus familiares satisfeitos em ter minha companhia por perto, mas não, não tive maturidade para separar as coisas e aos 18 anos comecei no caminho do álcool também.
Pensava que tinha controle sobre a bebida, a usava porque ela dava prazer, alegria, trazia conquistas, como aquela mulherada que víamos nas propagandas de televisão são lindas ali no reclame, né?. Mas não foi isto que aconteceu. Com o passar dos anos, eu precisava de mais e mais álcool, pois o organismo se torna tolerante a bebida e cada vez mais precisa de uma quantidade maior para ter as mesmas sensações daquela única cervejinha que tomava quando comecei a beber.
Então as doses foram aumentando e os tipos de bebida também. Até que um dia, não mais satisfeito de beber tanto, parti para outras drogas, como a cocaína. Também foram aumentando as amarguras de minha família e minha auto-estima – meu amor próprio e minha vontade foram se dissipando, foram indo embora.
Isso começou a afetar de forma intensa a família e pessoas muito amigas, que penavam em ver-me caindo nas ruas ou causando problemas, confusão e quase mortes em vários lugares. E quanto as belas mulheres das propagandas de televisão, você deve imaginar o que encontrei.
Estava freqüentado lugares que sempre temi, como as biqueiras onde buscava minhas "droguinhas". Estava andando com pessoas, que muitas pessoas nem passavam perto, de temor, e isso só me afundava, me levando a um abismo sem fim, e assim fui destruindo minha moral perante a sociedade. Cada vez que colocava em meu organismo estas substâncias alcoólicas ou químicas, me tornava cada vez mais um anti-social.
Minhas alucinações, delírios e crises começaram a surgir, cada vez mais e com maior intensidade. Não vou lhe falar quantas vezes fiquei internado, pois não saberia precisar a quantidade, pois foram muitas vezes.
Um dia não agüentava mais esta vida, ajoelhei pedindo a deus uma saída, pois não agüentava mais tanta depressão, pois a droga tem um ciclo: inicialmente causa entusiasmo, depois vem a perturbação mental e a depressão. Ai você ingere mais droga para voltar a se entusiasmar. É uma bola de neve. Quando menos esperamos nos tornamos um dependente. Deus me ouviu e mandou um anjo em minha casa, um amigo que não via há muito tempo, também dependente.
Este meu amigo chegou num sábado pela manhã aqui em casa, eu estava acordando de uma ressaca brava, ele me convidou à participar de um grupo que ele estava freqüentando e me disse que estava em abstinência do álcool e drogas há mais de 06 meses.
Inicialmente não acreditei no meu amigo, mas pensei na hora, este é o sinal de deus! Pois se este meu amigo que tanto bebeu e se drogou conseguiu parar, por quê eu não vou conseguir? Por quê? Resolvi me dar uma chance e fui freqüentar o mesmo lugar que estava auxiliando o meu amigo em sua recuperação. Hoje estou há meses sem ingerir nenhum tipo de substância nociva ao meu organismo. Deixo aqui pra você duas frases para reflexão:
Drogas são subtração ! Viver sem elas é evolução!
Depois que deixei as drogas observei que meu ciclo de amizades voltava a ser interessante e que me agregavam muitos valores, além de estar reconquistando minha família que hoje vive muito feliz, e até voltou a me convidar para as ocasiões familiares ( pois antigamente eu era o excluído).
Também resolvi investir na prevenção ao uso abusivo de drogas e fiz treinamento no Denarc, me tornando um agente de prevenção ao uso de drogas. Através de cursos e palestras que ministro hoje e grupos de recuperação, me motivo cada dia mais a manter a distância desta vida ilusória e a resgatar e prevenir vidas.
Concluindo , a dependência é lenta, progressiva e tem um ciclo certo se não interrompido a tempo: começo, dependência e morte!
Dizem que na vida das pessoas dependentes, existem 3 c’s: caixão, cama ou cadeia, eu vivenciei dois deles, e graças a deus, ao meu amigo e a mim que me dei esta chance, estou muito vivo e continuarei por muitos anos, para poder dar minha contribuição a quem ainda não se recuperou desta doença tão sofrida pra quem adquiri e para os familiares, pessoas que nos amam, que sofrem muito.
Espero que este relato lhe ajude e que você acredite sempre na força do amor divino. Pois deus nunca lhe abandonará e os familiares que realmente o amam, sempre estarão a sua volta, mas honre sempre este amor e tome a atitude que julgar adequada para chegar a ter uma boa qualidade de vida, pois só você pode decidir por isto!
Temos aqui em São Paulo a associação anti-alcoólica onde busquei ajuda, por orientação do meu amigo, considero vital participar de grupos assim, pois você só terá conquistas ao lado de uma organização de dependentes e ao lado de deus te segurando, e o apoio incondicional da família que é o esteio que necessitamos sempre!
Com muito carinho, amor e desejo de sucesso, Anderson José Capelari."


Crack: "Já passei por trinta internações"

Drogas

Crack: "Já passei por trinta internações"

Henrique Skujis e Maria Paola de Salvo | 02/06/2010
F.A.L., 37 anos, pecuarista, separado, três filhos, internado no Instituto Bairral, uma clínica de Itapira
F.A.L., 37 anos, pecuarista, separado, três filhos, internado no Instituto Bairral, uma clínica de Itapira
Fernando Moraes
“Usava cocaína desde os 17 anos. Um dia, aos 27, fui comprar pó, não tinha e me apresentaram ao crack. Foi uma substituição automática. Sempre fumei sozinho, trancado em hotéis e motéis. Uma vez, sumi e cheguei a ficar dois meses dentro de um deles. Depois que passava o efeito da droga, vinham a paranoia e a mania de perseguição. Eu via até helicóptero descendo pelas paredes para me pegar.
Fui internado várias vezes, a maioria involuntariamente, o que é péssimo. O crack é o barato que sai caro. Já gastei 300, 400 reais por dia para comprar 30 gramas. Vendi som de carro, televisão de casa, objetos pessoais, roupa. Quando você volta para a sociedade, percebe que parou no tempo, e isso é muito frustrante.
Como tenho muita dificuldade de lidar com isso, acabo recaindo. Cheguei a ficar três anos limpo, mas voltei a beber e aí adeus. Com o crack você não tem opção: ou vai para a clínica ou morre. No último dia 22 de abril, internei-me pela trigésima vez.”
F.A.L., 37 anos, pecuarista, separado, três filhos, internado no Instituto Bairral, uma clínica de Itapira

Crack: "Assim como me ajudaram, agora quero ajudar"

Henrique Skujis e Maria Paola de Salvo | 02/06/2010
Gabriel Mori, 26 anos, dono de uma clínica para dependentes químicos
Gabriel Mori, 26 anos, dono de uma clínica para dependentes químicos
Fernando Moraes
“Eu era vendedor de uma concessionária Chevrolet. Só negociava com frotista. Ganhava até 10 000 reais por mês. Um dia fui comprar maconha, mas me empurraram o mesclado, que é a maconha com crack. Em menos de um ano estava entregue. Fui demitido e larguei o curso de publicidade na FMU. Perdi 35 quilos. Foi uma degeneração total.
Cheguei a roubar os celulares de uns amigos do meu pai que estavam em casa. Não pedia ajuda porque tinha medo de perder minha noiva. A gente acha que ninguém percebe nossas mentiras. Tentei largar diversas vezes, mas a fissura é incontrolável. É como um pênalti para o seu time aos 47 do segundo tempo. Enquanto o jogador não bate, você fica louco.
Estou limpo há três anos e meio. Há dois anos, depois de fazer vários cursos na área de dependência química, resolvi abrir uma clínica. Assim como me ajudaram, quero ajudar, porque sei que é possível deixar a droga para trás.”
Gabriel Mori, 26 anos, dono de uma clínica para dependentes químicos
A Primeira Vez
(Carmen Lúcia Carvalho)
"Na primeira vez foi com o intuito de experimentar.
Estava down, havia brigado com meus pais...Eles pensavam que sabiam tudo, que eram os donos da verdade...Sempre com aqueles conselhos que me causavam enjoo.
Então quis sair dessa...Aceitei a primeira, a segunda, a terceira e depois já não me lembro quantas vezes mais. E nunca mais saí dessa. Comigo levei minha família, meus entes amados, que passaram a viver um calvário, assistindo a minha destruição.Usei todas as drogas possíveis e imaginárias.Roubei, matei para pagar os traficantes que me forneciam aquilo que não conseguia mais viver sem...fazia parte de mim.Adquiri Aids.Nem isso me fez parar. Entrei na mais profunda depressão.Caminho sem volta.
Queria ter forças para reverter a situação, mas meu organismo implorava pela droga.

Cheguei em casa de manhã a fim de roubar qualquer coisa que pagasse esse maldito vício e vi minha mãe, de joelhos, a orar por mim.Vi que havia envelhecido uns cem anos e em seu rosto uma dor sem tamanho.Então decidi acabar com o sofrimento de todos, inclusive o meu.
Estava na hora do trem passar, ali pertinho de casa. Fui até ele e quando estava bem próximo de mim, me atirei de encontro a ele.
*Essa história é verídica. O jovem deixou um bilhete dizendo que por não conseguir deixar as drogas, iria dar fim a sua vida.E se atirou na linha de trem           

7 de dez. de 2011

Onde procurar ajuda.

Onde procurar ajuda

Além dos serviços oferecidos na rede pública de saúde, é possível contar com outros recursos disponíveis na comunidade, como os grupos de mútua ajuda - Narcóticos Anônimos (NA), Grupos Familiares e Grupos Familiares Nar-Anon do Brasil (Nar-Anon) -, assim como comunidades terapêuticas.
O sistema de busca do Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid) permite acesso a instituições brasileiras que oferecem tratamento para dependentes de drogas como o crack. Pelo site, os interessados podem localizar a instituição mais próxima e utilizar filtros de busca por estados, cidades ou CEP.
O governo federal, por meio da SENAD, mantém ainda a central telefônica VivaVoz (0800 510 0015), que presta orientação e fornece informações por telefone sobre o uso indevido de drogas. O serviço é gratuito e aberto a toda população e os atendimentos são realizados por consultores capacitados e supervisionados por profissionais da área de saúde. No Disque Saúde (0800 61 1997), também é possível obter mais informações.Denúncia ao tráfico Cada estado brasileiro possui um canal de denúncias ao narcotráfico. A Policia Militar recebe denúncias pelo telefone 190. As policias Civil e Militar de cada Estado estão preparadas para receber informações sobre atividades relacionadas ao tráfico de drogas.
Estados como Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará também contam com o Narcodenúncia, um canal que recebe denúncias ao narcotráfico através do telefone 181. O número deve ser acionado sempre que houver informações que possam levar a polícia até o traficante. Ao ligar para este numero, a denúncia será registrada e investigada. O sistema recebe denúncias anônimas e garante o sigilo do denunciante

O depoimento de uma jovem de sta Catarina com drogas e prostituição.

Recebi um e-mail falando sobre a o resumo da vida de uma jovem de classe média alta,que acabou caindo no mundo das drogas por pura influência de amigos, leiam e tirem suas próprias conclusões, e dúvidas também sobre o assunto DROGAS!!!
Eis aqui um testemunho autêntico. Meu nome é Patrícia, tenho 17 anos, e encontro-me no momento quase sem forças, mas pedi para a enfermeira Dane minha amiga escrever esta
carta que será endereçada aos jovens de todo o Brasil, antes que seja tarde demais:
Eu era uma jovem ’sarada’, criada em uma excelente família de classe média alta Florianópolis.
Meu pai é Engenheiro Eletrônico de uma grande estatal e procurou sempre para mim e para meus dois irmãos dar tudo de bom e o que tem e melhor, inclusive liberdade que eu nunca soube aproveitar.
Aos 13 anos participei e ganhei um concurso para modelo e manequim para a Agência Kasting e fui até o final do concurso que selecionou as novas Paquitas do programa da Xuxa. Fui também selecionada para fazer um Book na Agência Elite em São Paulo. Sempre me destaquei pela minha beleza física, chamava a atenção por onde passava. Estudava no melhor colégio de ‘Floripa’, Coração de Jesus. Tinha todos os garotos do colégio aos meus pés.
Nos finais de semana freqüentava shopping, praias, cinema, curtia com minhas amigas tudo o que a vida tinha de melhor a oferecer às pessoas saradas, física e mentalmente. Porém, como a vida nos prega algumas peças, o meu destino começou a mudar em outubro de 1994. Fui com uma turma de amigos para a OKTOBERFEST em Blumenau. Os meus pais confiavam em mim e me liberaram sem mais apego.
Em Blumenau, achei tudo legal, fizemos um esquenta no ‘Bude’, famoso barzinho na Rua XV.
À noite fomos ao ‘PROEB’ e no ‘Pavilhão Galego’ tinha um show maneiro da Banda Cavalinho Branco. Aquela movimentação de gente era trimaneira”. Eu já tinha experimentado algumas bebidas, tomava escondido da minha mãe o Licor Amarula, mas nunca tinha ficado bêbada. Na quinta feira, primeiro dia e OKTOBER, tomei o meu primeiro porre de CHOPP. Que sensação legal curti a noite inteira ‘doidona’, beijei uns 10 carinhas, inclusive minhas amigas colocavam o CHOPP numa mamadeira misturado com guaraná para enganar os ‘meganha’, porque menor não podia beber; mas a gente bebeu a noite inteira e os otários’ não percebiam. Lá pelas 4h da manhã, fui levada ao Posto Médico, quase em coma alcoólico, numa maca dos Bombeiros.
Deram-me umas injeções de glicose para melhorar. Quando fui ao apartamento quase ‘vomitei as tripas’, mas o meu grito de liberdade estava dado. No dia seguinte aquela dor de cabeça horrível, um mal estar daqueles como tensão pré-menstrual. No sábado conhecemos uma galera de S. Paulo, que alugaram um ap’ no mesmo prédio. Nem imaginava que naquele dia eu estava
sendo apresentada ao meu futuro assassino.
Bebi um pouco no sábado, a festa não estava legal, mas lá pelas 5:30 h da manhã fomos ao ‘ap’ dos garotos para curtir o restante da noite. Rolou de tudo e fui apresentada ao famoso baseado’Cigarro de Maconha’, que me ofereceram.. No começo resisti, mas chamaram a
gente de ‘Catarina careta’, mexeram com nossos brios e acabamos experimentando.
Fiquei com uma sensação esquisita, de baixo astral, mas no dia seguinte antes de ir embora experimentei novamente. O garoto mais velho da turma o ‘Marcos’, fazia carreirinho e cheirava um pó branco que descobri ser cocaína. Ofereceram-me, mas não tive coragem naquele dia.
Retornamos a ‘Floripa’ mas percebi que alguma coisa tinha mudado, eu sentia a necessidade de buscar novas experiências, e não demorou muito para eu novamente deparar-me com meu assassino ‘DRUGS’. Aos poucos, meus melhores amigos foram se afastando quando comecei a me envolver com uma galera da pesada, e sem perceber, eu já era uma dependente química, a partir do momento que a droga começou a fazer parte do meu cotidiano. Fiz viagens
alucinantes, fumei maconha misturada com esterco de cavalo,experimentei cocaína misturada com um monte de porcaria. Eu e a galera descobrimos que misturando cocaína com sangue
o efeito dela ficava mais forte, e aos poucos não compartilhávamos a seringa e sim, o sangue que cada um cedia para diluir o pó. No início a minha mesada cobria os meus custos com as malditas, porque a galera repartia e o preço era acessível. Comecei a comprar a ‘branca’
a R$ 7,00 o grama, mas não demorou muito para conseguir somente a R$ 15,00 a boa, e eu precisava no mínimo 5 doses diárias. Saía na sexta-feira e retornava aos domingos com meus ‘novos amigos’. Às vezes a gente conseguia o ‘extasy’, dançávamos nos ‘Points’ a noite
inteira e depois… farra! O meu comportamento tinha mudado em casa, meus pais perceberam, mas no início eu disfarçava e dizia que eles não tinham nada a ver com a minha vida…
Comecei a roubar em casa pequenas coisas para vender ou trocar por drogas… Aos poucos o dinheiro foi faltando e para conseguir grana fazia programas com uns velhos que pagavam bem. Sentia nojo de vender o meu corpo, mas era necessário para conseguir dinheiro. Aos poucos toda a minha família foi se desestruturando.
Fui internada diversas vezes em Clínicas de Recuperação. Meus pais, sempre com muito amor, gastavam fortunas para tentar reverter o quadro.. Quando eu saía da Clínica agüentava alguns dias, mas logo estava me picando novamente. Abandonei tudo: escola, bons amigos e família.
Em dezembro de 1997 a minha sentença de morte foi decretada; descobri que havia contraído o vírus da AIDS, não sei se me picando, ou através de relações sexuais muitas vezes sem camisinha. Devo ter passado o vírus a um montão de gente, porque os homens pagavam mais para transar sem camisinha. Aos poucos os meus valores, que só agora reconheço, foram acabando, família,amigos, pais, religião, Deus, até Deus, tudo me parecia ridículo. Meu
pai e minha mãe fizeram tudo, por isso nunca vou deixar de amá-los. Eles me deram o bem mais precioso que é a vida e eu a joguei pelo ralo. Estou internada, com 24 kg , horrível, não quero receber visitas porque não podem me ver assim, não sei até quando sobrevivo, mas do fundo do
coração peço aos jovens que não entrem nessa viagem maluca… Você com certeza vai se arrepender assim como eu, mas percebo que é tarde demais pra mim.
OBS.: Patrícia encontrava-se internada no Hospital Universitário de Florianópolis e a enfermeira Danelise, que cuidava de Patrícia, veio a comunicar que Patrícia veio a falecer 14 horas mais tarde depois que escreveram essa carta, de parada cardíaca respiratória em conseqüência da AIDS.
Espero que depois de terem lido esse depoimento todos que visitarem o nosso blog e lerem esta matéria pensem muito bem antes de experimentar qualquer droga,ou se alguem visitar o blog e for usuário que leia e sirva de lição pra pararem de vez com essa burrada que é usar droga!!

Crack: "Tentei matar meu irmão"

Angelo Pugliese, 29 anos, vendedor: "tentei matar o meu irmão"
Fernando Moraes
“Depois de uma década usando cocaína, conheci o crack em 2007, quando tinha 27 anos. Não sentia vontade de fazer mais nada a não ser usar a droga. Fumava inclusive no trabalho. Nessa época, eu morava em Itu (SP) e era técnico em uma fábrica de sucos. Consumia trinta pedras num dia. Gastava de 5 a 10 reais em cada uma. Cheguei a estourar o cheque especial em cerca de 7 000 reais.
Como faltava muito ao emprego, fui demitido e minha família me internou numa clínica. Fugi depois de três dias. Quando voltei para casa, meu irmão e minha mãe me expulsaram (o pai deixou a família quando ele tinha 11 anos). Fui morar com um primo em Guarulhos. Não demorei muito para frequentar a Cracolândia. Ali, vivia perambulando pela rua e conseguia dinheiro como flanelinha. O mais importante era fumar e acalmar a fissura.
Depois de dois meses em São Paulo, voltei para minha casa em Itu. Peguei um cartão de crédito e comprei umas coisas nas Casas Bahia para trocar por droga. Nesse dia de paranoia, tomei álcool com energético misturado a várias drogas. Com raiva do meu irmão, que tinha me expulsado de casa, tentei matá-lo. Fui levado para a delegacia e depois me senti muito envergonhado. Decidi então me internar. Fiquei 52 dias e acabei de deixar a clínica (ele saiu no último dia 18).
Estou limpo há dois meses e arrumei um emprego como vendedor numa loja de motos. Por saber que tenho uma doença progressiva, incurável e fatal, frequento reuniões de grupos de dependentes anônimos. Não me considero recuperado, mas sim em recuperação. O mais importante é que meu irmão me perdoou.”
Angelo Pugliese, 29 anos, vendedor.

6 de dez. de 2011

Oxi depoimentos.

Enquanto no Acre, o consumo de oxi acontece próximo às autoridades, em São Paulo a polícia tenta uma luta que parece em vão: impedir a entrada diária da droga. A fragilidade de nossas fronteiras dificulta o combate à nova droga. São Paulo é um dos maiores mercados para a nova droga. A distribuição para outros estados, passa necessariamente pela capital paulista. Na cracolândia, reduto de viciados em crack, a chegada iminente de uma nova droga assusta as autoridades. Esta região central de São Paulo é conhecida em todo o Brasil pela profusão de viciados e traficantes. Na praça principal, a presença da polícia é ostensiva. Mas apesar disso, o oxi chegou há dois meses e já é a droga preferida. Nosso produtor se infiltra nas vielas escuras e esquinas da cracolândia. E logo encontra um consumidor de oxi: um rapaz que tem 39 anos e há 15 é viciado em crack. O oxi entrou na vida dele há poucos dias, mas os estragos já são visiveis. Com muito medo da polícia e dos traficantes, ele nos pede para dar a entrevista em um lugar fechado. Ele conta que o oxi chega aqui na cracolândia de bicicleta, duas vezes por dia. A procura pelo oxi é tanta que já elevou em cinco vezes o preço da pedra. Antes, era vendida a dois reais. Agora, já chegou a dez, o mesmo valor do crack.
Em Goiânia, em uma das principais avenidas, a venda do oxi tem como fachada um trailer de sanduíches. Uma imagem explícita do tráfico. Um trailer, em uma das ruas mais movimentadas da cidade, para todos os efeitos vende sanduíches, mas os lanches são apenas fachada. Na verdade neste local funciona um ponto de venda da nova droga. Investigadores do Denarc de Goiânia gravaram algumas imagens e cederam ao Conexão Repórter. Os policiais gravaram de dentro do carro. Não demora muito chegam os clientes. No lugar de sanduíches o que eles compram é oxi. Um deles chega com uma sacola. O dono do trailer pega e coloca a mercadoria. Em seguida pega a sacola de volta e sai correndo. Outro cliente chega e compra a droga. Os investigadores partem para o flagrante. O dono do trailer é autuado em flagrante por tráfico de drogas e é levado para o Denarc.
O alerta do avanço do oxi foi revelado pelo Conexão Repórter há seis meses. Quase nada foi feito e em pouco tempo estamos diante de uma epidemia. Cabe agora à sociedade prevenir o uso e às autoridades fecharem o cerco ao tráfico reforçando a segurança nas fronteiras e oferecendo tratamento aos dependentes. Um problema que poderia ter sido evitado.
 Nossas Experiências vem aqui explicar as mudanças feitas neste Blog.

Na medida que este site foi sendo construído com o intuito de ajudar as pessoas para o despertar de uma visão crítica de uma realidade obscura em que muitas pessoas vivem.

Nossas Experiências e formado por uma equipe  composta :

Por um Idealizador, Assistente Social, Auxiliar Administrativo e um Técnico Responsável pela construção do Blog.

Deixando assim nossa contribuição em benefico da humanidade.

Todas as questões Sociais aqui abordadas, partem de um Projeto Social, onde serão Publicados Depoimentos de Pessoas que estão inseridas num contexto problemático ou que vivenciam situações dolorosas.

As postagens até agora feitas foram seriamente testadas para começarmos a fazer um Trabalho Social.

Hoje temos 3.037 visualizações no Brasil , na Rússia 500  , nos Estados Unidos 212,  na Alemanha 231,Portugal  2 ,Ucrânia 61,Letônia 1 .Desde já agradecemos a todos que estão nos visitando e solicitamos que aguardem o desenvolvimento Total do nosso Projeto, que consta um esboço na página inicial deste.
                                                                                         
                                                                                         
                                                                                         

Depoimentos.
"A ficha caiu quando sofri um acidente de carro. Estava virada, sem dormir, fazia quatro dias. Peguei o carro para ir comprar crack, mas não andei nem 100 metros e sofri um apagão. Dormi ao volante. Fiquei cinqüenta dias com os dois braços enfaixados e o rosto cheio de feridas por causa dos estilhaços do vidro. Já havia sido internada algumas vezes, mas sempre soube que voltaria à droga. Fazia meus pais pagar minhas dívidas dizendo que, do contrário, seria morta pelos traficantes. Em troca, eu ficava um tempo na clínica de recuperação. De uma delas, fugi pulando o portão. Com o acidente, percebi que tinha de me livrar daquilo. Agora estudo, luto para recuperar a guarda dos meus filhos e quero montar um grupo de apoio só para mulheres dependentes. Elas precisam perder o medo de procurar ajuda."
M., 31 anos, estudante de psicologia de São Paulo, livre do crack desde 2005
O salário virou fumaça
Ainda hoje tenho pesadelos nos quais estou fumando crack. Acordo assustado e com raiva de mim mesmo. Não quero passar por aquilo de novo. Na fase pior, gastava todo o meu salário com a droga. Eu, que sempre ganhei tudo do bom e do melhor de meus pais, cheguei a roubar as coisas de casa para fumar crack. Vendi até Tupperware em troca de pedras. Quando meu pai disse que não me queria mais em casa, decidi pedir ajuda. Fiquei mais de um ano numa clínica de recuperação. Nesse tempo, percebi que o meu maior vício não eram as drogas, e sim pensar só em mim. Para me livrar do crack, tive de virar outra pessoa. Hoje, penso que o meu crescimento pessoal só é relevante se eu ajudar os outros a crescer. Consegui, assim, voltar para a casa dos meus pais, para o meu trabalho e estou namorando firme. Aos poucos, reponho os aparelhos eletrônicos que tirei de casa."
Fabio Bakun Nóbrega de Albuquerque, representante comercial do Recife, 29 anos, em abstinência desde 2006
Choro e desespero
Egberto Nogueira
"O conjunto de som e DVD do meu carro valia 7 000 reais. Um dia, troquei-o por 300 reais de crack. Como minha família é de classe média alta, não precisei fazer dívidas quando me enterrei nessa droga, mas roubei CDs, filmadora, todos os eletrônicos de casa. Quando você está louco de crack, não se importa com nada disso. O que importava era sair correndo para comprar pedra. Até essa época, eu nunca tinha visto meu pai chorar. Uma noite, quando cheguei transtornado em casa, ele me chamou num canto e desabou no choro. Perguntava: ‘O que eu preciso fazer pra você parar com isso?’. Foi ali que decidi parar de usar crack. Tive de romper com todos os amigos que me levavam à droga e passei quase um ano inteiro indo à faculdade e voltando para casa sem olhar para os lados. Hoje, eu e meu pai, que também é dentista, trabalhamos juntos no mesmo consultório."
C., dentista de São Paulo, 25 anos, livre da droga há três
Egberto Nogueira
"Meu sonho sempre foi trabalhar na empresa do meu pai, uma metalúrgica no interior de São Paulo que ele fundou há quarenta anos. Mas, quando cursava a faculdade de administração, comecei a cheirar muita cocaína. Ao conhecer o crack, foi amor à primeira vista. Quando minha família começou a controlar meu dinheiro, evitando que eu comprasse mais cocaína, decidi partir para o crack. No início, tinha medo de ficar como os mendigos que aparecem na televisão. Misturava crack com maconha pensando que assim o cigarro ficaria mais fraco. Um mês depois, já estava na droga pura. Como meu pai tinha crédito na cidade e todos me conheciam, conseguia dinheiro com facilidade. Quando perdi o crédito, me bateu um desespero e aceitei ser internado. Desde então, venho tentando largar a droga, mas com recaídas. A última foi há seis meses.

O crack, antes usado apenas por marginais e menores
de rua, agora chega à classe média. Depoimentos
dramáticos dos que conseguiram abandonar o vício
Ao chegar ao Brasil, no começo dos anos 90, o crack se tornou um flagelo entrse tornou um flagelo entre marginais, mendigos e menores de rua. São esses os personagens que aparecem deitados nas calçadas, como molambos, nas cracolândias que floresceram em áreas degradadas das grandes cidades. Como custa pouco, menos de 5 reais a dose, a droga disseminou-se entre os desvalidos. Agora, a sedução perversa do crack começa a fazer vítimas também na classe média. O consumo do crack entre a população mais abastada ainda não transparece nas pesquisas dos órgãos de saúde porque, na tabulação dos dados, ele está quase sempre na mesma classificação da cocaína, da qual é uma versão inferior e mais tóxica. Mas, na avaliação dos médicos que cuidam dos viciados em drogas nos hospitais e clínicas de recuperação, tanto públicas quanto particulares, não há dúvida de que o crack subiu degraus na escala social. O contingente de pessoas que usam crack no país ainda é bem menor do que aquele que usa maconha ou cocaína. Mas as pequenas pedras brancas têm um efeito tão devastador, e viciam tão rapidamente, que em muitas instituições já respondem pela maioria das internações de pacientes.
"O crack está por trás de 80% das nossas internações", diz o psiquiatra Marcelo Machado, do centro Recanto Paz, em Pernambuco, onde o tratamento de seis meses custa 8 000 reais. "Estudantes de faculdades particulares, advogados, publicitários e até médicos são as novas vítimas dessa substância", afirma o médico Luiz Alberto Chaves de Oliveira, presidente do Conselho de Drogas e Álcool de São Paulo e diretor da clínica Vitória, em Embu, na Grande São Paulo, que cobra em média 9.000 reais por mês por uma internação. A seção gaúcha da Organização Amor-Exigente, uma rede de 500 grupos espalhados pelo país que dá apoio a famílias de dependentes, contabiliza que, em 2003, o crack representava 25% dos pedidos de ajuda entre álcool, cocaína e maconha. Hoje, ele está por trás de 73% dos chamados. No Centro Terapêutico Viva, um dos maiores do interior de São Paulo, localizado em Piedade (14.000 reais por quatro meses de tratamento), os pacientes devastados pelo crack chegam a 95% dos internos.
O crack é a cocaína em forma de pedra, feita para fumar em cachimbos. Os traficantes misturam a droga com outras substâncias, como o bicarbonato de sódio. "Para aumentarem o volume, adicionam também cal e anestésicos como a lidocaína", informa o delegado Luiz Carlos Magno, do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) de São Paulo. A mistura é fervida e depois filtrada, transformando-se em pequenas pedras brancas do tamanho de uma pipoca. Quando queimada num cachimbo, a pedra emite pequenos estalos – daí o nome "crack". Ao ser fumada, a droga atinge os pulmões e entra na corrente sanguínea instantaneamente, chegando ao cérebro em poucos segundos – ao contrário da cocaína em pó, que leva cerca de dez minutos para fazer o trajeto. O efeito também é muito mais forte. O crack bloqueia a absorção natural da dopamina, o neurotransmissor que dispara no cérebro a sensação de prazer. Com excesso da substância entre os neurônios, surge uma sensação imensa de euforia e onipotência. Quando o efeito passa, vem a depressão – e, com o uso freqüente, as reações paranóicas. Como a dopamina é o principal regulador do sistema de prazer e recompensa, o crack vicia rapidamente.
Para quem tem dinheiro no bolso, o crack é ainda mais perigoso. São comuns os casos de viciados que pagam a droga com bens roubados da família ou forçam os pais a pagar suas dívidas com os traficantes alegando que correm risco de vida. Muitas vezes, quando as fontes que financiam a droga secam, o viciado recorre a outras práticas ilícitas. "Eu, que sempre estudei em colégios particulares, de repente me vi assaltando com uma faca na mão para comprar pedras", diz o estudante de marketing L., 21 anos, de Fortaleza, livre do vício há um ano e dois meses. "O mais impressionante é que, ao assaltar, não pensava estar fazendo algo errado. Lutar para conseguir pedras parecia tão natural e correto como procurar comida para saciar a fome", ele completa.
Sob o domínio do crack, muitos viciados se isolam e viram – mesmo que temporariamente – indigentes. Ao contrário do que ocorre com a maconha ou a cocaína, o crack torna impossível manter relações com o círculo de amigos, no trabalho ou em casa. A degradação se dá em poucas semanas. Primeiro, o viciado emagrece rápido, já que a cocaína inibe o apetite e provoca náuseas diante da comida. Depois, passa dias sem dormir e perde até mesmo a vontade de tomar banho. Esquece-se de que existem horários e regras. Como o crack age como anestésico, queimam-se a boca e o nariz ao fumar, sem que se perceba. "É comum que as mulheres dependentes se prostituam por qualquer valor só para comprar as pedras, contraindo doenças sexuais rapidamente", diz a médica Solange Nappo, professora de psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que estudou as práticas de oitenta viciadas em crack de São Paulo. Um levantamento da Universidade Estadual de Campinas, feito no ano passado, mostrou que 7% dos usuários de crack têm o vírus HIV – índice dez vezes maior que o da população em geral. "É verdade que o crack é a droga preferida de mendigos e prostitutas, mas isso acontece também porque ele transforma estudantes e trabalhadores comuns em mendigos e prostitutas", afirma Solange.
À medida que o consumo de crack progride, chega a fase das reações paranóicas. O viciado acha que está sendo perseguido e tem pensamentos obsessivos – vem daí o apelido de "nóias" que esses dependentes carregam. Quando passou por isso, a estudante paulista de psicologia M., 31 anos, livre da droga há três, não conseguia manter as janelas de casa abertas. Diz ela: "Eu realmente achava que estavam me espionando pela janela ou pelas frestas da porta. Também ouvia sirenes da polícia e passava horas rastejando, procurando no chão e no meu carro algum resto de pedra que pensava ter derrubado". Com sentimentos psicóticos, os viciados se tornam mais desconfiados e se enfurecem com maior facilidade, protagonizando cenas de violência gratuita. Passada a depressão que se segue à paranóia, chega o melhor momento de largar o vício. "Quando me vi na favela, sem pedras e depois de ter vendido até os brinquedos do meu filho para comprar crack, saí correndo para a casa da minha mulher. Corri uns 10 quilômetros descalço, com bolhas no pé, e disse a ela que precisava de ajuda", conta F., corretor de imóveis de Belo Horizonte, que passou três anos consumindo a droga.
A dependência química é uma enfermidade reconhecida pela Organização Mundial de Saúde. Ainda não há tratamentos ou remédios que impeçam que o dependente tenha recaídas. Nas clínicas, o viciado geralmente toma antidepressivos ou ansiolíticos e passa por sessões de auto-ajuda para que consiga escapar da "fissura", a vontade de voltar à droga. "Em média, apenas 30% dos dependentes de crack permanecem na abstinência por mais de um ano", calcula o psiquiatra André Malbergier, do Hospital das Clínicas de São Paulo. A internação, pelo menos, afasta o viciado dos pontos de compra de crack e alivia temporariamente o tormento constante pelo qual passam seus familiares. Nos centros de internação involuntária, como o paulista Viva, de Piedade, muitas vezes os dependentes chegam amarrados – último recurso usado pela família para conduzi-los ao tratamento. Como numa prisão, agentes de segurança vigiam portões e muros de 4 metros de altura.
Os jovens que conseguem sair do vício são os que percebem que estão muito doentes e têm de se tratar. "O viciado já dá um passo à frente quando sabe que precisa de ajuda", diz a médica Cláudia de Oliveira Soares, que lida com dependentes químicos há catorze anos. A força de vontade e o apoio familiar são essenciais quando o dependente volta para casa. Diz o dentista C., de São Paulo, livre da droga há três anos: "Durante oito ou nove meses, não passei um minuto sozinho. Percebi que precisava dos outros e ainda preciso. Um dia você decide se livrar do crack, mas permanece dependente a vida toda. O pesadelo do crack não tem fim".Apagão ao volante

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