NOSSAS EXPERIÊNCIAS: 2012-05-06

8 de mai. de 2012

                                                        MERLA.


A merla é um subproduto da cocaína. É obtida das folhas de coca às quais se adicionam alguns solventes como ácido sulfúrico, querosene, cal virgem, etc, transformando-se num produto de consistência pastosa com uma concentração variável entre 40 a 70% de cocaína. Um quilo de cocaína chega a produzir três quilos de merla. Pode ser fumada pura ou misturada ao tabaco comum, ou à maconha (bazuca). Possui a cor amarelo pálido a mais escuro quando vai envelhecendo.

Sob a forma base, a merla (mela, mel ou melado) preparada de forma diferente do crack, também é fumada. Enquanto o crack ganhou popularidade em São Paulo, Brasília foi a cidade vítima da merla. De fato, pesquisa recente mostra que mais de 50% dos usuários de drogas da nossa Capital Federal fazem uso de merla e apenas 2% de crack.

É uma droga altamente perigosa, que causa dependência física e psíquica, além de provocar danos, às vezes irreversíveis ao organismo.
Assim que a merla é fumada alcança o pulmão, que é um órgão intensivamente vascularizado e com grande superfície, levando a uma absorção instantânea. Através do pulmão, cai quase imediatamente na circulação cerebral chegando rapidamente ao cérebro. Com isto, pela via pulmonar a merla "encurta" o caminho para chegar no cérebro, aparecendo os efeitos da cocaína muito mais rápido do que outras vias. Em 10 a 15 segundos os primeiros efeitos já ocorrem, enquanto que os efeitos após cheirar o "pó" acontecem após 10 a 15 minutos e após a injeção, em 3 a 5 minutos.

Sua absorção normalmente é muito grande através da mucosa pulmonar e seu efeito é excitante do sistema nervoso central. Sua atuação é semelhante a da cocaína, causa euforia, aumento de energia, diminuição da fadiga, do sono, do apetite, ocasionando perda de peso e psicose tóxica (alucinações, delírios, confusão mental). Devido aos resíduos dos ácidos solventes, os usuários poderão apresentar casos de fibrose (endurecimento pulmonar).

Durante o uso podem ocorrer convulsões e perda da consciência. As convulsões podem levar a parada respiratória, coma, ou parada cardíaca e, obviamente, à morte.

O usuário comumente apresenta as extremidades dos dedos amareladas. Pode evidenciar lacrimejamento, olhos avermelhados, irritados, respiração difícil, tremores das mãos, muita inquietação e irritabilidade. A longo prazo, perda dos dentes causado pelo ácido de bateria usado na mistura.

Passado a euforia provocada pelo uso, surgem efeitos como alucinações, depressão, sensação de medo e paranóia de perseguição, por isso a merla é também chamada pelos usuários de "nóia", gíria derivada da palavra paranóia. Essas sensações continuadas podem, em alguns casos, levar ao suicídio.

A "fissura" no caso da merla é avassaladora, já que os efeitos da droga são muito rápidos e intensos. Em menos de um mês ele perde muito peso (8 a 10kg) e num tempo um pouco maior de uso ele perde todas as noções básicas de higiene ficando com um aspecto deplorável.

Somatório dos princípios do crack, dos inalantes e de outros produtos químicos altamente tóxicos e viciantes usados na sua fabricação, a merla aciona o circuito de recompensa, libera neurotransmissores e exaure os neurônios.
Os efeitos duram cerca de quinze minutos. A primeira sensação é de bem-estar.

Seu uso é ainda mais difícil de disfarçar, por ser ela muito mais atuante no organismo do que o crack. Uma de suas características é o cheiro que o corpo exala na eliminação (pela transpiração intensa) dos produtos químicos adicionados durante o preparo da droga. Os usuários cheiram a querosene, gasolina, benzina e éter.

Os usuários de merla rapidamente entram para a delinquência: 68,7% roubavam para sustentar o vício e 17% se envolveram com o tráfico para comprar a droga. Não bastasse tudo isso, o sofrimento é tão grande que 20,5% dos usuários tentaram o suicídio para fugir à síndrome de abstinência u à depressão causada pelo uso contínuo.

7 de mai. de 2012

Fármacos mais mortíferos que drogas ilegais

04/03/2011 - 14:40
O número de mortes por consumo excessivo de medicamentos já é superior, nalguns países, ao número de mortes por consumo de drogas ilegais, como a heroína ou a cocaína. A conclusão é da Junta Internacional de Fiscalização de Estupefacientes (JIFE), que, no seu relatório anual apresentado quinta-feira em Viena, expressou a sua preocupação com o nível mundial cada vez mais elevado de consumo de analgésicos opiáceos, avança o jornal Público.

De acordo com o relatório da ONU, o consumo global deste tipo de analgésicos cresceu significativamente nos últimos anos, tendo, por exemplo, o nível de consumo de morfina aumentado em cerca de sete vezes de 1989 para 2009.

É nos EUA e na Europa que os níveis de consumo destas substâncias são mais elevados e o Governo americano já fez saber que o abuso de medicamentos de venda com receita é o problema de droga que mais rapidamente cresce no país.

O número de mortes por abuso de drogas lícitas aumentou "bruscamente" e esta é a categoria de estupefacientes em que ocorre maior dependência e abuso, a seguir à cannabis.

A JIFE alerta também para o crescimento preocupante das chamadas "drogas sintéticas", substâncias que são especialmente desenvolvidas para contornar as medidas de controlo de estupefacientes existentes. Este tipo de substâncias são manufacturadas através da modificação da estrutura molecular de substâncias controladas e as instruções de produção são facilmente encontradas na Internet.

Uma das "drogas sintéticas" mais publicitada é a mefedrona, substância cujo consumo tem vindo a aumentar, apesar de ter sido recentemente proibida pela União Europeia. Provocando efeitos semelhantes à cocaína, às anfetaminas e ao ecstasy, a mefedrona está ligada à morte de mais de 35 pessoas no Reino Unido e na Irlanda.

Mas o mais alarmante neste relatório das Nações Unidas não é o abuso de drogas ilícitas, mas sim o alto consumo e dependência de medicamentos totalmente legais.

Abuso de medicamentos totalmente legais

A Europa atinge o recorde mundial de utilização de benzodiazepinas, um grupo de fármacos utilizado como sedativos, hipnóticos ou relaxantes musculares e os EUA são o país onde o consumo de estimulantes para potenciar artificialmente o rendimento do corpo e da mente é mais elevado. O uso mundial de metilfenidato (conhecido também por ritalina), e que é usado para aumentar o défice de concentração e em situações de hiperactividade, subiu 30% entre 2005 e 2009.

A JIFE alerta para o facto de circularem receitas de narcóticos e de substâncias psicotrópicas falsas; para o facto de as farmácias fornecerem medicamentos sem exigirem a requerida receita médica e ainda para o facto de os doentes detentores das receitas fornecerem os medicamentos a outros. O controlo destas situações seria uma forma de diminuir o consumo desnecessário de fármacos.

No pólo oposto estão a África, a Ásia e a América Latina, áreas onde o acesso a medicamentos é insuficiente ou até inexistente. Segundo o relatório, 90% das drogas lícitas são consumidas por dez% da população mundial, enquanto 80% da população tem pouco ou nenhum acesso a medicamentos que evitariam muito sofrimento.

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