NOSSAS EXPERIÊNCIAS: Morte por acoolismo é quase igual aos de usuários de crack

10 de dez. de 2011

Morte por acoolismo é quase igual aos de usuários de crack



Não é só o crack que provoca um elevado número de mortes entre os usuários de drogas. Segundo pesquisa inédita feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o índice de mortalidade entre dependentes de álcool no Brasil está próximo do registrado entre usuários de crack.
A pesquisa inédita feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que, em cinco anos, 17% dos pacientes atendidos em uma unidade de tratamento da zona sul de São Paulo morreram.
De acordo com o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador do estudo, o número é altíssimo. E se comparado a outros países, como o da Inglaterra onde o índice não ultrapassa 0,5% ao ano, o Brasil está num patamar muito elevado, explica o médico.
O estudo foi realizado entre usuários de crack e demonstrou que 30% morreram num período de 12 anos.
A pesquisa sobre dependência de álcool procurou, depois de cinco anos, 232 pessoas que haviam sido atendidas num centro do Jardim Ângela, zona sul, em 2002. Desse grupo, 41 haviam morrido – 34% por causas violentas, como acidentes de carro ou homicídios.  Outros 66% foram vítimas de doenças relacionadas ao alcoolismo.
O psiquiatra afirma que os resultados mostram a falta de uma rede de assistência para esses pacientes. E diz ainda: todas as fases do atendimento são deficientes, desde o serviço de urgência, para o dependente em crise, até a rede de assistência psicossocial.
Os altos índices de mortalidade entre dependentes de álcool, principalmente nos casos mais graves ocorrem entre pessoas de classes menos privilegiadas, aponta o trabalho.
No grupo avaliado na pesquisa da Unifesp, a totalidade dos pacientes atendidos era de classe E e D e 52,2% estavam desempregados, com idade média de 42 anos.
O resultado da pesquisa faz o psiquiatra afirmar que com um índice de mortalidade de 17%, qualquer fator protetor, grupo de apoio ou auto-ajuda  ou o fator religioso deve ser estimulado, sem preconceito.
Brasileiros bebem mais de vinte litros de álcool por ano.

O consumo de álcool no Brasil está em nível mais elevado que qualquer outro país do mundo. De acordo com a OMS, no país o índice é quase 50% superior à média mundial e o comportamento de risco já supera o padrão da Rússia.
Segundo levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) os brasileiros, de ambos os sexos, com mais de 15 anos bebem o equivalente a dez litros de álcool puro por ano – a média no mundo é de 6,1 litros. Entre os homens que bebem a taxa é de 24,4 litros de álcool por ano e entre as mulheres, de 10 litros/ano.
Os números do Brasil estão também bem acima dos registrados em países latino-americanos, de oito litros por ano por pessoa.
De acordo com a OMS, o avanço do álcool no Brasil é bastante preocupante, já que o álcool mata mais que epidemias de Aids, tuberculose e violência ou guerras, sendo responsável por 4% de todas as mortes no mundo. No total, o número de vítimas chega a 2,5 milhões de pessoas por ano.
No Brasil, o álcool é responsável por 7,2% das mortes – índice quase duas vezes superior à média mundial. Cerca de 30% da população que admite beber frequentemente  afirma  que  se  embriaga  pelo  menos  uma  vez  por semana. Nos EUA, a taxa é de 13%, contra 12% na Itália. Mesmo na Rússia, o índice daqueles que exageram na bebida é inferior ao do Brasil: 21%. Outros países do Leste Europeu têm taxas inferiores às do Brasil.
A bebida mais ingerida e preferida pela população brasileira é a cerveja. Ela é responsável por 54% do consumo no país. Mas os destilados, como uísque e conhaque, representam 40%, uma taxa também considerada alta. O vinho corresponde a cerca de 5% apenas.
Uma das sugestões apontadas por algumas entidades e ONGs foi restringir a propaganda de bebidas alcoólicas. Entretanto, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, descartou qualquer iniciativa de legislar sobre o tema, afirmando defender uma conversa com a indústria.

25% dos brasileiros bebem muito

“Beba moderadamente”. A frase repetida em quase todos os comerciais de bebidas alcoólicas no Brasil parece não ter efeito. Enquanto metade da população brasileira se diz abstêmia, aqueles que bebem apresentam alto nível de consumo. Apenas um quarto dos brasileiros consome 80% do álcool ingerido no país.
Os dados são de realizado pela Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), publicado pela “Revista Brasileira de Psiquiatria”.
É primeiro levantamento do gênero no país. Foram entrevistados 2.346 indivíduos com mais de 18 anos em 143 cidades.
Os resultados mostram que 48% não haviam ingerido álcool nos últimos 12 meses. Porém, do total da amostra, 28% relataram pelo menos um episódio de crise de ingestão (“binge drinking“, mais de cinco doses em homens e quatro em mulheres em uma ocasião).
Outro dado alarmante revela que um quarto da amostra relatou ao menos um tipo de problema relacionado ao álcool (entre questões de saúde, familiares, no trabalho e violência), 3% preencheram os critérios para abuso e 9%, para dependência química.
No Sul consome-se com maior frequência; nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, em maior quantidade.

Outro problema apontado é que o alto consumo de álcool continua até por volta dos 40 anos de idade. Em outros países, a ingestão cai após os 20.
Segundo a pesquisa, a bebida mais ingerida é a cerveja (mais de 60%), seguida do vinho.
Psicólogo alerta que o álcool é um dos mais graves problemas sociais.
Você sabe o que é “binge drinking” ou “beber em binge”? É o termo utilizado para se referir às pessoas que não têm o hábito de beber, mas que, esporadicamente, bebem em grande quantidade. De acordo com o psicólogo Dionísio Banaszewski, especialista em trabalhos de prevenção, orientação e tratamento de dependentes químicos, essas situações são responsáveis por grande parte dos acidentes de trânsito registrados em todo o país. Estima-se que, nos finais de semana, pelo menos 400 pessoas morram em acidentes de trânsito no Brasil. Cerca de 60% dessas mortes no trânsito são causadas por imprudência devida ao consumo de bebidas alcoólicas.

Para se reduzir esses números, segundo o especialista, é preciso se investir em orientação e informação. Em 2003, quando presidiu o Conselho Regional de Psicologia do Paraná, Dionísio promoveu uma parceria entre o CRP-PR e varas de delito de trânsito para levar orientação a pessoas que estavam sendo julgadas por crimes de trânsito. Em quase a totalidade dos casos analisados, foi constatado que havia consumo de bebidas alcoólicas. Pela relevância do trabalho desenvolvido, o CRP-PR foi condecorado com menção honrosa no Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito.
“Quando se leva informação às pessoas, o comportamento muda”, garante o psicólogo. Dionísio Banaszewski critica a impunidade em relação aos crimes de trânsito no Brasil. Na maioria das vezes, os causadores de acidentes pagam fianças e permanecem em liberdade. Mesmo nos casos de maior visibilidade, em que a sociedade toma conhecimento e manifesta indignação, as histórias raramente terminam em punição exemplar, como prisão dos criminosos, por exemplo. “É preciso fazer uma soma de trabalhos nas mais diferentes frentes, desde a prevenção até a punição. Defendo a educação continuada, que envolve orientação, fiscalização e punição nos casos de crimes”, afirma. Um exemplo da indignação do especialista é o fato de a lei permitir que os motoristas se neguem a fazer o exame do bafômetro. “Quem não deve não teme. O bafômetro pode ser uma defesa para quem não ingeriu bebidas alcoólicas, uma prova a seu favor. Por outro lado, não fazer o exame deveria ser visto como presunção de culpa”, argumenta, defendendo mudanças na lei. “Está mais do que na hora de nossos legisladores pensarem nisso”, alfineta.

Fonte:  www.corposaun.com

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