NOSSAS EXPERIÊNCIAS: 2012-03-04

10 de mar. de 2012

Filho de empresário de Timóteo é preso traficando cocaína com namorada e cunhada




É grande a repercussão na região da prisão de filho do empresário timotense¸ juntamente com sua namorada e sua cunhada em um carro de luxo, Ford Fusion. Edmarley José Dias Guerra, 24, administrador de empresas e a namorada Jenifer Paula Verly Silva, 24 foram presos quando chegavam à casa dela, situada na rua Poços de Caldas, nº 49, no distrito do Melo Viana. Na casa de Jenifer os policiais prenderam também sua irmã Raquelli Verly, que os levou até a casa de sua avó, que fica em frente. Na residência foram encontradas duas balanças de precisão ainda sujas de cocaína mais um kilo da droga.

A droga apreendida, 1,3 quilo de cocaína misturada com crack, além de eletrodomésticos, computadores e documentos de carros de pessoas apontadas como traficantes, permitiu a polícia apontar os suspeitos como acusados por tráfico de drogas. Eles se encontram presos no Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp), onde ficarão até o julgamento.
Segundo os policiais que participaram da operação, a polícia conseguiu informações que Edmarley tinha chegado de Belo Horizonte com um carregamento da droga que teria vindo de uma quadrilha chefiada por Délio Caetano de Andrade Freire, traficante de Belo Horizonte.

Segundo os policiais, o grande número de denúncias feitas à delegacia de Ipatinga informando que Edmarley estava traficando drogas foi importantíssimo para este desfecho, eles ainda informaram que sabiam que Edmarley  tinha ido à Belo Horizonte buscar o carregamento que seria entregue no bairro Veneza, em Ipatinga. Provavelmente o grupo também comercializava drogas pela Internet. Edmarley é apontado como gerente de tráfico no Vale do Aço.

                                           O Ford Fusion placas HAX-7224, 
                                    apreendido com os jovens está na delegacia de Ipatinga

Os três jovens são estudantes e como é comum na classe tida como média, tem página em site de relacionamento na internet. Em sua página, onde tem 810 “amigos”, Edmarley escreveu: “Inveja é um sentimento de aversão ao que o outro tem e a própria pessoa não tem. Este sentimento gera o desejo de ter exatamente o que a outra pessoa tem de tirar essa mesma coisa da pessoa", escreveu.

Segundo declarações dos policiais várias pessoas aplaudiram o desempenho da polícia neste caso. Um pai de uma adolescente comentou a prisão: “quem bom, espero que apodreçam na cadeia, traficante é pior que ladrão, o ladrão nos roupa um celular, um carro, o traficante rouba nossos filhos tirando-lhes a dignidade”, desabafou.

Essa operação denominada Jamaica, contou com a participação de equipes das delegacias de Tóxicos e Entorpecentes, Furtos e Roubos.

fonte: Da redação do Plox

9 de mar. de 2012


VIDA BANDIDA



Lobão : "A verbalização diminui a criminalidade"

Uma noite aparentemente plácida e quente no verão paulistano. Nikita, um homem apreensivo, nervoso, inseguro e, com a adrenalina a mil, dirige o seu carro em direção a Avenida Nove de Julho. Ele faz uma oração. Momentos depois seu amigo, o Nelsinho, entra no carro e Nikita diz para ele:
- Então, vamo que vamo!

Nikita estava indo praticar um assalto.

Houve tiroteio, Nelsinho morreu. Nikita foi preso e dava início à sua brilhante carreira no mundo do crime. Seu currículo fala por si só. Condenado por 98 anos, é indiciado por furto, assalto à mão armada, falsidade ideológica, latrocínio (roubo seguido de morte) e teve o mérito, segundo ele, de inaugurar o seqüestro relâmpago em São Paulo.

No momento, fiquem tranqüilos, Nikita se encontra preso no Complexo Penitenciário do Carandiru. Entre os seus projetos para o futuro, está o de puxar pelo menos mais quinze anos de cadeia. À margem da sociedade, Nikita é um homem comum e, em seu universo paralelo e marginal, possui um cotidiano semelhante ao de qualquer cidadão íntegro, que paga em dia seus impostos.

Da mesma forma, caro leitor, que você reza quando vai enfrentar algum desafio profissional, Nikita reza para ir assaltar e matar. Do mesmo modo, que você se preocupa em construir uma sólida carreira profissional articulando contatos, reciclando conhecimentos, fazendo política, parcerias e troca de favores, Nikita, em sua vida bandida, também o faz.

Em entrevista ao Vya Estelar , perguntei ao escritor Ignácio de Loyola Brandão, que conhece a história de Nikita. Qual seria a saída para esse sujeito, um condenado a 98 anos, que fala em puxar pelo mais quinze? Loyola responde: Só resta a Nikita escrever suas vivências, como escreveu neste belo projeto, o livro Letras da Liberdade, ED.Madras, no qual tive a oportunidade de comentar o seu relato autobiográfico.

Depois deste prólogo, o leitor deve estar se perguntando... Por que um assunto tão heavy como este, pode pautar um site que aborda autoconhecimento e qualidade de vida? O livro Letras de Liberdade é uma obra que reúne 15 histórias e contos escritos por detentos do Complexo Penitenciário do Carandiru. Algumas histórias contam desde a infância dos presidiários até sua chegada à cadeia, pais e educadores procuram a obra para conhecer o caminho que pode levar as crianças ao crime e detectar os primeiros sintomas, de mudança de comportamento dentro de casa, que levam o jovem para a marginalidade.

Amigos e parentes de pessoas com histórico de alcoolismo ou uso de drogas ilícitas procuram, através da obra, entender o vício e ajudar a pessoa a se livrar dele. No entanto, o mais interessante é a sensação que o livro promove em qualquer pessoa: a percepção de que até um de nós, cidadãos considerados íntegros e equilibrados mental e socialmente, podemos cair nesse submundo. Lobão, Ignácio de Loyola Brandão, Marcelo Rezende, entre outros, comentam um conto escrito por um detento.

O livro é fruto de uma idéia simples e despretensiosa. Alguns detentos do Carandiru, que concederam depoimentos ao Dr. Drauzio Varella, queriam contar de seu próprio punho, as suas histórias imersas neste universo descrito pelo médico. Através de concurso, 15 textos foram selecionados, num total de 345. Loyola comentou a história mais pesada do livro - a de Nikita - onde a realidade sucumbe a aterradora ficção. Lobão escreveu sobre a vida bandida de Vanderlei Fisher, indiciado por assalto à mão armada e furto, condenado a 10 anos de prisão.

Nesta entrevista ao Vay Estelar, o cantor Lobão e o escritor Ignácio de Loyola Brandão falam de suas participações no livro e opinam sobre os mecanismos da violência. Lobão também fala de seu desejo de não precisar escrever mais letras denunciando a violência urbana e de um fato inusitado acontecido na sua prisão. O cantor também revela o seu jeito de ser.


Entrevista: Lobão.


- Vya Estelar - Você comenta no posfácio que quando você foi preso te perguntaram: "cara, aqui na prisão só tem preto, pobre ou burro... onde tu enquadra?" O que você respondeu para este sujeito?
- Lobão - É claro que eu ri. É o tipo da pergunta que não precisa de resposta. A pergunta é uma realidade em si.

- Vya Estelar - Por que você decidiu escrever o posfácio do Livro Letras da Liberdade sobre a vida do detento Vanderlei Fischer?
- Lobão - Porque fui convidado a fazê-lo, li, adorei e escrevi.

- Vya Estelar - Através do texto narrado por Vanderlei você percebeu um misto de afeto e arrependimento. Você acredita que um projeto deste tipo (livro Letras da Liberdade) pode ajudar na causa do combate a violência?
- Lobão - Claro que sim. Está mais do que provado que a verbalização diminui a criminalidade.

- Vya Estelar - Em seu posfácio você comenta que o cara ao sentir as agruras da exclusão se sente entusiasmado de ser respeitado através do crime. Como é isso? Esta seria a causa da violência?
- Lobão - A causa da violência é a falta de contato com o outro. Esse é o início de tudo.

Vya Estelar - Você comenta também a questão de jovens da classe média entrarem no tráfico de drogas para terem status social (minas, carros, celular)? Mesmo na classe média, a causa da entrada de jovens no crime, passa pela questão social somente ou você atribuiria algum outro fator?
Lobão - A coisa é bem mais complexa né? Mas o fator principal é o tédio e a falta de informação e perspectiva.

- Vya Estelar - Como você avalia o seguinte discurso "...as pessoas falam em direitos humanos, mas bandido bom é bandido morto... "?
- Lobão - Isso é de uma imbecilidade escandalosa.

- Vya Estelar - Por que no seu texto você comenta que os detentos ao narrarem suas experiências melhoram a auto-estima?
- Lobão - Porque tem condições de avaliar, de reconhecer e tudo isso é exercido pela verbalização, ou seja, são inúmeros aspectos meritórios e dignos de auto-estima, não é verdade?

- Vya Estelar - Você acha que este livro seria um alerta para pais e filhos detectarem os primeiros sintomas do caminho do crime?
- Lobão - Eu acredito que, antes de mais nada, é um livro rico de informações, escrito com muita verdade e emoção, que proporciona ao leitor um contato mais profundo com a realidade profunda de uma outra classe social tão próxima e tão distante.

- Vya Estelar - Qual é o caminho para você não precisar mais escrever letras como "Vida Bandida" e "A Vida É Doce" e escrever apenas temas mais amenos como "Universo Paralelo." ?
- Lobão - Em primeiro lugar, gostaria de dizer que o bacana é justamente escrever coisas como a Vida É Doce (uma ironia da vida urbana atual) e outras como o Universo Paralelo. A letra de Universo Paralelo possui uma proposta ambígua. Tanto pode ser uma transa, um movimento estético, um movimento político ou talvez uma caminhada.

- Vya Estelar - Você acredita nesta teoria do hiperespaço, do Universo Paralelo, defendida por alguns físicos, como Michio Kaku, sobre a existência de outras dimensões?
- Lobão - Eu acredito no Universo Paralelo sem sombra de dúvidas.

- Vya Estelar - Como você busca autoconhecimento e qualidade de vida?
- Lobão - Eu sou eu 24 horas por dia, intensamente.

- Vya Estelar - Você é místico? Tem religião?
- Lobão - Não.


Entrevista : Ignacio Loyola Brandão.


- Vya Estelar - Por que você escreveu o comentário sobre o texto de Nikita no livro Letras da Librdade?
- Loyola - Fiquei fascinado com o projeto. É uma possibilidade de você ver de perto como os encarcerados olham o mundo. É impressionante pensar que o Nikita vivenciou o que ele escreveu. No meio de tanta violência é possível captar em seu texto imagens poéticas. Vida e literatura se misturam.

- Vya Estelar - O que mais te tocou no texto do Nikita?
- Loyola - A normalidade como Nikita trabalha no mundo do crime me impressionou. Ele só não bate o ponto.

- Vya Estelar - Qual é a saída para um bandido condenado a 98 anos de prisão como o Nikita?
- Loyola - A saída dele é escrever. Não sei nem se nós temos saída.

- Vya Estelar - Por onde passa a questão da violência?
- Loyola - Passa pelo intimo do homem e pela própria natureza humana. Alguns são violentos e alguns se contém.

- Vya Estelar - Você acredita que um projeto deste tipo pode amenizar o problema da criminalidade?
- Loyola - É uma gota no mar, mas é uma parte.

- Vya Estelar - O livro poderia ser um sinal de alerta para os pais detectarem algum envolvimento dos filhos com a criminalidade?
- Loyola - Pode ser. Porém, a questão das drogas é uma questão mais complicada. Envolve o sabor do fruto proibido, a moral cristã e etc...



                                         Conto - Fragmentos - Crime:
                           Problema ou solução? Caminho sem volta.


Autor : Nikita (relato autobiográfico)

A Ficha.

Nome: Nikita
Data de nascimento 17/02/1960
Indiciação: Furto/Assalto à mão armada/Falsidade ideológica/Latrocínio Condenação: 98 anos.


Nikita reza antes de ir fazer um assalto num prédio da Avenida 9 de Julho em São Paulo


"Era uma noite muito quente de verão paulistano. "Maó Calor". Fiz minha oração. Liguei o carro e fui para o encontro do Nelsinho.
-Tá em cima. Então, vamo que vamo!"


Nikita avalia o mercado de trabalho

"Com um pouco de dinheiro que tinha guardado e com muita astúcia, consegui um albergue domiciliar em 1983. Chegando na rua, vi que agora as coisas tinham mudado muito sob o aspecto da criminalidade. Quem roubava comércio, "ap." ou indústrias, agora estava roubando bancos. Era a "febre dos bancos" como ladrão falava."

Self made man

"Logo que fui até a casa de um parceiro antigo que sempre mantinha contato comigo na prisão. O Português estava muito bem no tráfico de drogas: dois carros, duas casas e um enorme estoque de maconha. Quando cheguei, ele me deu um 38 e 23 balas, 12 de chumbo e 11 dum-dum. Presenteou-me com um quilo de maconha e me aconselhou:
- Pega leve que a rota está matando"

Jantar à luz de balas

"Comprei um Golzinho e fui lá no Galvão. Houve um bate-boca entre o Galvão e um cara. As coisas ficaram muito quentes e saíram na mão. O Galvão sangrava muito. Entrei na confusão e dei dois tiros no "prego" - o agressor do Galvão - , que caiu no chão sangrando muito. Estragou o jantar."

Nikita: bandido cidadão e chefe de família
Sobre um convite para assaltar uma agência de turismo - roubo de dólares

"Gostei da idéia, pois agora mais do que nunca iria precisar de muito dinheiro, pois com mulher e filho as coisas mudavam muito."

Planos de carreira

"Agora só saio daqui se fugir, do contrário, tá embassado. Estou preso há 20 anos. Será que consigo puxar mais 15?"

fonte: www2.uol.com.br

Estudo revela que jovens entram no mundo crime em busca de sexo e poder

Comunicação Portal Social
Em tempos de crise econômica, o tráfico de drogas não dá mais aos seus "funcionários" o retorno financeiro que já deu. Então por que crianças e jovens continuam entrando para o crime?
Por sexo e poder, segundo a pesquisa “Meninos do Rio: jovens, violência armada e polícia nas favelas cariocas”, promovida pelo Unicef e coordenada pela cientista social Silvia Ramos, do Centro de Estudos de Criminalidade e Cidadania (Cesec), da Universidade Candido Mendes. O estudo visa a atualizar e a aprofundar o conhecimento sobre as dinâmicas de atração, manutenção e saída de jovens da violência armada e fazer recomendações ao escritório do Unicef no Rio de Janeiro para subsidiar ações contra a violência.
Lançada na semana passada, a pesquisa encontra nas chamadas "marias fuzil" uma forte explicação para o fascínio que os grupos ilegais e as armas exercem sobre crianças, adolescentes e jovens. Questionados por que entram para o tráfico, os jovens alegaram "sensação de poder e mulher".
“Um rapaz disse que a arma chama atenção e que a mulherada gosta. Outro explicou que a questão é o poder que ela representa”, afirma Silvia no relatório. As meninas, por sua vez, também disseram que se relacionar com traficantes dá "sensação de poder".
A pesquisa foi realizada entre maio e novembro de 2008 com jovens moradores e moradoras de favelas da cidade do Rio de Janeiro – estudantes universitários, ex-traficantes, traficantes, milicianos –, mães de jovens envolvidos com a criminalidade, lideranças comunitárias e culturais e técnicos de organizações da sociedade civil.
Ao todo, 104 pessoas participaram formalmente da pesquisa qualitativa, o que resultou em aproximadamente 400 páginas de transcrições e diários de campo. Sete grupos focais reuniram 87 jovens, técnicos e mães. Dezesseis lideranças e personagens foram entrevistadas e consultadas. Adicionalmente, uma pesquisa quantitativa foi realizada com a participação de 14 jovens que entrevistaram 241 rapazes e moças de 14 a 29 anos na Zona Oeste da cidade.
Crise no varejo
O estudo identificou que, entre as principais mudanças ocorridas na dinâmica do tráfico de drogas nos últimos anos, está a redução dos rendimentos obtidos pela venda das drogas. Um ex-traficante, atualmente em uma cadeira de rodas, resumiu a situação econômica do tráfico: “Com certeza, eu trabalhando no sinal, ganho mais dinheiro do que vagabundo que trabalha no morro. Não só os novinhos não, tô falando de gerente.”
A crise do mercado de varejo deve-se, em parte, ao fato de que compradores de classe média deixaram de ir às favelas por causa da violência dos próprios traficantes e da polícia. Outra razão seria o ingresso no mercado de drogas sintéticas, especialmente o ecstasy, que seriam importadas e chegariam aos consumidores sem passar pelas favelas.
Já a cocaína, segundo a pesquisa, droga altamente rentável para o mercado ilegal e consumida pela classe média, teria encerrado seu império, prejudicada pela intervenção da polícia, seja em operações de confronto, seja em extorsões. Mais um aspecto é a chegada às favelas cariocas do crack, que seria mais compatível com o pequeno poder aquisitivo dos consumidores da própria localidade, porém menos rentável para quem vende.
Com a crise, afirma o estudo, as bocas de fumo passaram a ser pontos de referência não só para a venda de drogas, mas também para outras atividades criminosas que dependem das armas, como roubos no asfalto. "Quando o tráfico já não dá mais dinheiro, ou dá muito pouco, é difícil aceitar que a perspectiva financeira seja a mais forte para explicar sua – ainda – enorme capacidade de atração sobre alguns", afirma Silvia Ramos.
Marias fuzil
E onde entra o sexo na história? Segundo a pesquisadora, o tema da sexualidade se impôs à pesquisa, mesmo não estando no roteiro prévio. "A informação mais repetida, confirmada, explicada e reassegurada – e ainda assim surpreendente e obscura – é a supremacia das armas para atrair mulheres, meninas bonitas, da favela, de fora e até de outra classe social. As chamadas 'marias fuzil' estariam sempre presentes na vida da boca de fumo, especialmente durantes os bailes funk, e muitas vezes foram definidas como a maior razão para explicar o fascínio que os grupos ilegais e as armas exercem sobre crianças, adolescentes e jovens", explica.
O relatório explica que o baile funk é um momento em que jovens que moram na favela e não têm envolvimento com os grupos do tráfico podem conviver com aqueles que estão no tráfico, compartilhando um pouco da cultura do tráfico, cantando as mesmas músicas – os "proibidões" do funk - e assistindo ao desfile das armas.
O depoimento da mãe de um adolescente cumprindo medida complementa: “O menino não tem nada, onde cair morto, mas sabe quantas mulheres ele tem? Quantas ele quiser. Dependendo da arma, mais mulher tem.”
O fenômeno é confirmado por um técnico de projeto em favela: "não tem mais essa remuneração, eles conseguem assim comprar um tênis, mas não arrumam mais do que isso. O que eles conseguem hoje é a atenção dessas meninas. Elas ficam loucas com arma e cordão de ouro."
Disputas interpessoais
No relatório, Silvia observa que nenhum estudo indicou ainda quais são exatamente as principais dinâmicas geradoras de violência letal entre jovens pobres e negros moradores das favelas e dos bairros pobres da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Mas o uso frequente de armas de fogo é forte indicação de que as mortes se associam, direta ou indiretamente, aos grupos armados ilegais que dominam áreas da cidade e que se opõem a outros grupos armados e/ou à polícia.
Entretanto, não se conhece a proporção de mortes que atingem os participantes diretos desses grupos (“traficantes”, “milicianos”, “policiais”), nem os indiretos (amigos, familiares, cônjuges, usuários de drogas etc) ou os contingentes (colegas, vizinhos, moradores de bairros próximos, pessoas presentes em um assalto em ônibus, passantes em uma via da cidade durante um tiroteio, envolvidos em uma briga de festa etc). Segundo Silvia, não se conhece as dinâmicas geradoras de letalidade nem mesmo dentro do recorte “mortes no tráfico”.
“O impacto de um tiroteio numa guerra de facções ou num confronto com a polícia tende a nos levar a esquecer as incontáveis mortes efetuadas dentro dos grupos armados por acertos de contas ou diversas razões de trabalho, e também por disputas amorosas e familiares, por rixas e conflitos banais que encontram desfecho letal na onipresença das armas e de uma cultura masculina agressiva e explosiva”, observa.
A pesquisadora frisa que a divisão clássica entre violência interpessoal de um lado (entre pessoas que se conhecem, sem fins lucrativos) e violência coletiva (ou crime organizado) de outro não se sustenta. “Na prática, o que observamos é que parte importante da violência letal ocorrida no contexto do chamado tráfico de drogas é resultante de conflitos e disputas interpessoais. As fronteiras entre naturezas criminais, no contexto de alta letalidade de jovens de favelas, se encontram indefinidas”, diz.
Uns saem, outros...
Os pesquisadores perguntaram em todos os grupos focais e entrevistas por que alguns jovens entram para os grupos armados ilegais que dominam as favelas e outros não. Após considerações genéricas sobre as razões que contribuem para adolescentes buscarem o caminho do crime, imediatamente se seguiam histórias que contradiziam essas razões.
"É claro que em muitos casos adolescentes vão para o tráfico ou as milícias em busca de dinheiro, alternativa profissional, para fugir de famílias violentas, para escapar de pais ou mães alcoolizados e degradados, ou por outros motivos socioeconômicos clássicos. Mas é importante perceber que em muitos casos as trajetórias de vida não correspondem a essas razões mais óbvias ou frequentes”, observa Silvia.
Segundo ela, é importante ter em mente que o apelo monetário que o crime pode exercer não é o motivo mais decisivo ou pelo menos não é mais tão decisivo quanto na época das grandes remunerações, o que obriga a reconhecer o limite dos projetos para jovens de favelas que baseiam sua existência na oferta de ajuda financeira (bolsas).
Vários técnicos mencionaram que precisam negociar dia a dia a manutenção de certos garotos em projetos que oferecem algum dinheiro, mas não oferecem algo que alguns talvez busquem ao entrar para o tráfico. Procurando fazer uma lista de situações e condições que mais levam os jovens a entrarem para o crime, além da necessidade financeira e do desejo de visibilidade, as razões mais frequentes surgidas nos grupos focais e entrevistas foram: ter vivido uma situação de injustiça (por parte da polícia, na escola, dos amigos ou de outros jovens); ter alguém da família envolvido no tráfico; família desestruturada, ausente; e não ter perspectiva de futuro.
A pesquisadora pondera, entretanto, que cada uma dessas razões deveria ser vista com bastante cautela. Realmente, a família parece ser um ponto-chave nas histórias de entrada, mas também - e principalmente - nas histórias de saída de jovens dos grupos armados ilegais. "Ouvimos muitas histórias em que, exatamente por vir de uma família em que um pai ou um irmão tinha ido para o tráfico, tudo tinha sido feito para que aquele jovem não entrasse. Ou seja, o que parecia ser o veneno revelou-se o antídoto", explica.
Milícias também seduzem
A pesquisa verificou que os grupos de milicianos também podem ser atrativas fontes de renda e emprego para os jovens, o que contraria a ideia de que milícias não empregam jovens e que são formadas apenas por pessoas mais velhas, profissionais de polícia. De acordo com a pesquisa, a crise do tráfico e a consequente redução dos ganhos ilegais, fizeram com que alguns policiais resolvessem obter lucros controlando diretamente territórios e não mais indiretamente, extorquindo traficantes que controlavam territórios.
Os depoimentos mostraram que, mesmo após a conclusão da CPI das Milícias, que identificou chefes, locais e modos de operar desses grupos, eles não só continuam fortes como parecem estar mais estruturados do que antes.
"As milícias hoje passam a ter estrutura e autonomia suficientes para sobreviver e prosperar mesmo com importantes lideranças na cadeia. Todas as políticas de redução da violência letal e as políticas voltadas para jovens de favelas e bairros populares terão de levar em conta que os grupos de milícias não só são uma realidade presente, geradora de letalidade em graus que ainda não se pode mensurar, como provavelmente persistirão pelos próximos anos", atesta o relatório.
A parcela da polícia
Em relação às histórias de injustiças que deflagraram a decisão de jovens de se associarem a grupos armados locais, diversas são ligadas a uma ação arbitrária da polícia que envolveu humilhação. Nos sete meses de estudo, os pesquisadores ouviram inúmeros casos de atuação vergonhosa de policiais.
"Não se trata apenas dos mais de mil mortos pelas forças policiais ano após ano, das evidências de corrupção generalizada em muitas áreas e da proliferação das milícias sob os olhos complacentes de comandantes e chefes de polícia. Trata-se de uma cultura policial arraigada que naturaliza o desrespeito a todos os moradores das áreas pobres da cidade, banaliza a brutalidade e de certa forma justifica a cada dia o próprio fracasso através da lógica da guerra contra o crime", afirma Silvia.
Para ela, a polícia é pelo menos parcialmente responsável por essa tragédia, mas isto não impede de compreender que ela também seja parte absolutamente fundamental da solução, já que se faz necessária para a desocupação dos territórios dominados por traficantes e milicianos e para a diminuição da presença de armas e munições nesses locais. Essa desocupação, segundo Silvia, só será bem sucedida se for realizada por policiais honestos e respeitosos em relação aos moradores das favelas. Ela também destaca a importância da retomada do debate sobre o desarmamento.
"Não se trata de operação policial, mas do estabelecimento de policiamento comunitário permanente, em quantidade suficiente, supervisionado por oficiais superiores que devem se encontrar nas favelas (e não dentro dos batalhões) e controlado pela mídia, por organizações locais e pelos moradores", recomenda.
Outras ações necessárias para reduzir a letalidade provocada pelo envolvimento de adolescentes em grupos armados são a melhoria das escolas, a criação de empregos, a ampliação de alternativas profissionais, programas de bolsas e iniciativas culturais para fortalecer a imagem do jovem de favela. Mas Silvia enfatiza o papel da polícia:
"Ações sociais, culturais e pressão política sobre governantes, por si sós, não são capazes de eliminar as armas e reduzir a violência letal. Em nenhum lugar e menos ainda no Rio de Janeiro. É na polícia, portanto, que parte de nossas energias tem que ser concentrada nos próximos anos."
O estudo é dedicado à memória da pesquisadora Ana Carolina Rodrigues da Silva Dreyfus, do Viva Rio, que trabalhou na pesquisa e faleceu aos 28 anos de idade no desastre do vôo AF 447, da Air France, em 31 de maio de 2009.

Fonte: Envolverde (
www.clickrbs.com.br)

8 de mar. de 2012


JOVENS PRESOS POR ASSALTO COM ARMAS DE BRINQUEDO SE DIZEM ARREPENDIDOS

Rapazes disseram à polícia que crimes foram praticados por diversão.

Quatro jovens estão presos em cela especial, no 2º Distrito de Londrina.


Em depoimento à polícia os quatros jovens presos em Londrina, no norte do Paraná, por roubos com armas de brinquedos, disseram que resolveram praticar os crimes por diversão. Três jovens de 18 anos e um de 20, passaram a noite no 2º Distrito Policial em uma cela chamada de seguro, onde estão presos que correm algum tipo de risco.

Eles foram presos em flagrante na madrugada de terça-feira (18), em um carro modelo 2011 e com três armas de brinquedo, depois de assaltar duas pessoas. No veículo - que era do pai de um dos jovens, a polícia encontrou talões de cheques, cartões de banco e dinheiro que foi roubado das vítimas.
Um deles disse, no depoimento prestado à polícia na terça, que o ato foi uma "infantilidade". Todos relataram estar arrependidos e que iriam usar o dinheiro roubado para comprar lanches.

Ainda na terça, os advogados de defesa dos rapazes pediram à Justiça a liberdade provisória. Agora, a decisão depende do juiz.
Os jovens são de famílias de classe média de Londrina e de Rolândia. Entre os pais deles, estão um advogado, um médico e empresários. Um deles é filho de um dono de uma rede de emissoras de rádio. Os quatro foram reconhecidos pelas vítimas.

O porta-voz da Polícia Militar, capitão Ricardo Eguédis, disse que é “um fato novo, um fato diferente. Nós normalmente encontramos (...) com dificuldades financeiras e problemas sociais graves [no crime]. Nesse caso, o que chama a atenção: são jovens que não tem problemas sociais, que acabam se envolvendo no mundo do crime não se sabe por quê”.

De acordo com o psicólogo Fernando Zanluchi, que analisou o caso, "não são apenas as pessoas de classe baixa que cometem crimes, porque as ambições, as aspirações todo mundo tem".

DEFESA PEDE LIBERDADE PARA PRESOS POR ASSALTAR COM ARMAS DE BRINQUEDO
Roubaram mochila e tênis; polícia usou placa de carro para encontrá-los.
Pais são advogados, médicos e empresários de Londrina, no norte do PR.


Os advogados dos quatro jovens, entre 18 e 20 anos, todos de classe média, presos por roubo na madrugada desta terça-feira (18), em Londrina, na região norte do Paraná, pediram à Justiça liberdade provisória. Na ocasião da prisão, eles estavam em um carro modelo 2011, com três armas de brinquedo.
Segundo a polícia, primeiro os jovens tentaram parar um caminhoneiro na BR-369. Sem sucesso, passaram a assaltar pessoas que passavam pela calçada. Da primeira vítima conseguiram uma mochila cheia, dinheiro e um talão de cheques. Da segunda, um tênis de marca famosa.

Pela placa do carro, a polícia encontrou os ladrões duas horas depois. Entre os pais deles, estão um advogado, um médico e empresários. Um deles é filho de um dono de uma rede de emissoras de rádio. Os quatro foram reconhecidos pelas vítimas.

O porta-voz da Polícia Militar, capitão Ricardo Eguédis, disse que é “um fato novo, um fato diferente. Nós normalmente encontramos (...) com dificuldades financeiras e problemas sociais graves [no crime]. Nesse caso, o que chama a atenção: são jovens que não tem problemas sociais, que acabam se envolvendo no mundo do crime não se sabe por quê”.

Ainda segundo a polícia, “isso é um fato sério, coloca em risco até mesmo a atividade de trabalho de polícia. Vinte, vinte e cinco policiais utilizados para o cerco e a prisão desses indivíduos. (...) Com esse tipo de argumento não se brinca. Que fique isso aí, de aviso, a outros jovens. Com o crime, nem mesmo por brincadeira. A pessoa tem que ter uma vida séria, digna, e honrar pelos seus compromissos”.

Vinícius Sgarbe

fonte: G1.globo.com

7 de mar. de 2012

Jovens de Classe Média se Envolvem em Criminalidade !!!


Por que pessoas que possuem uma vida estável roubam?

Tirar o que pertence alguém se você nada tem em sua casa, já nos traz indignação, pois todos nos seres humanos nascemos com possibilidade de ser o que quisermos, basta estudar. E não é porque não tenho condições financeiras, que vou usar desse artifício para virar um ladrão.
Mas pio ainda é pensar naquele que teve toda a oportunidade para estudar, trabalhar, teve um lar, e mesmo assim rouba.

Analisem, vivem sustentados pelos pais, ganham de tudo, quando falta alguma coisa, acham que a sociedade tem o dever de lhes prover, caso contrário vão ser criminosos e vão fazer estrago até conseguir o que querem.Fora que brincar de polícia e ladrão é divertido (pela TV e nos jogos eletrônicos, pelo menos). Eric Berne, psicólogo, dizia que há uma certa recompensa interna em relações sociais destrutivas, conhecidas como JOGOS. E o jogo "Bandido e Mocinho", no qual alguém comete crimes só pelo prazer de correr o risco de ser pego, foi fartamente documentado pelo autor.

Mas qual seria o prazer em fazer alguém sentir medo, em bater em empregadas domésticas, em homossexuais, botar fogo em índio nos pontos de ônibus, ou fazer terrorismo em bairros distantes de suas casas?
Muitas vezes também, o roubo ocorre por causa da necessidade em manter o vício, em uma grande maioria esses jovens, estão viciados, e suas famílias sabendo disso, passam a não mais liberar suas mesadas, então eles deixam de paga as faculdades, vendem seus pertences valiosos, tiram objetos de casa, para vender e comprar mais drogas, e quando isso tudo acaba, resta roubar e alimentar seu vício.

Veja o depoimento de uma amiga de jovens de classe média que entraram para a criminalidade.
"Curioso, eu só acho que nem os que "precisam" deveriam fazê-lo. Roubar, mesmo sendo um ato de desespero, nunca é a melhor solução. Ainda mais quando o que se rouba é roupinha de marca, tênis, esse tipo de coisa...Jovens de classe média-alta podem ter o que o dinheiro compra, mas não têm orientação nenhuma. Os pais quase nem ligam para eles. Buscam na rua o que não têm em casa: emoção. E, nisso, eles roubam, matam, estupram, torturam...Uns roubam por necessidade, outros, para sustentar uma imagem, outros, para chamar a atenção..."

Será que também os pais, tem culpa? Vivemos em um mundo onde todos os dias corremos para garantir nosso salário no fim do mês, muitos desses pais, correm para manter seu status na sociedade, mas na verdade sua família está entrando em ruínas. Seu filho não sabe o que é amor, sua babá é a televisão e o playstation. Jogos em que muitas vezes tem um conteúdo violento, o que alimenta ainda mais uma personalidade má.

Ontem também fiquei indignada, a menos de 500 metros de nossa escola (Serra - ES ), tive uma tentativa de roubo, infelizmente reagi, digo infelizmente, pois eles poderiam estar armados e eu poderia sofrer péssimas consequências por causa de um celular. Não fui roubada, mas fiquei muito triste em ver nossa juventude perdida. Eram cinco jovens, média de 16 anos, estavam de bicicleta e bem vestidos. Poderiam estar na escola. O que está ocorrendo de fato com nossa sociedade?

Qual é a diferença entre roubo e furto?

O furtoO furto ocorre quando o autor do crime, se apropria de um objeto, ou valor financeiro no qual ele não possui nem a posse (caixa de supermercado), nem o direito(dono da grana). Esse crime comporta a forma qualificada quando o ladrão precisa ultrapassar barreira (um muro por exemplo) ou destreza (precisa detrancar uma porta).O RouboEste tipo penal (crime ou contravenção penal) acontece quando com emprego de violência (Grita, dá um soco, esbarrão) ou grave ameaça (fala que vai matar se não entregar a coisa) o autor se apropria de algo que não possui nem a posse nem o direito. Este crime possui sua forma qualificada quando a ameaça é feita com emprego de arma de fogoEm linhas gerais pode-se dizer que o furto é a mesma coisa que o roubo, porém não existe a violência, ou a grave ameaça, traduzindo, o roubo seria a modalidade violenta do furto..


                                 Leia os Artigos de Jornais Abaixo:


JOVENS DE CLASSE MÉDIA ROUBAM E ESPANCAM DOMÉSTICA


Cinco jovens de classe média roubaram e agrediram a socos e pontapés a empregada doméstica Sirlei Dias Carvalho Pinto, de 32 anos, que estava em um ponto de ônibus na Barra da Tijuca, bairro de elite na zona oeste do Rio, na manhã de sábado, 23. Um dos três agressores que foram presos justificou o crime à polícia dizendo que acharam que a mulher era "uma vagabunda". Dois deles estão foragidos.

O crime aconteceu por volta das 5 horas de sábado. Os jovens fugiram levando a bolsa de Sirlei, com telefone celular, documentos, carteira e R$ 47. Ela entrou correndo no prédio em que trabalha. Um motorista de táxi que testemunhou o crime anotou a placa do carro dos agressores e avisou ao segurança do edifício onde ela havia entrado.

Sirlei havia saído cedo da casa da patroa para ir ao médico. Segundo ela, o Gol preto com cinco ocupantes parou a cerca de 100 metros do ponto. "Eu vi que eram filhinhos-de-papai e achei que fossem entrar no prédio em frente. Mas eles vieram em minha direção, arrancaram a bolsa e começaram a me bater e xingar. Xingaram muito", disse ela.

Ela contou que se abaixou e colocou as mãos no rosto, numa tentativa de se proteger. Ao mesmo tempo, todos os rapazes chutavam sua cabeça: "Ainda estou com muita dor de cabeça". Eles também teriam agredido, com menos violência, outras duas mulheres que também estavam no ponto. Essas teriam conseguido fugir entrando em um ônibus.

Com o olho esquerdo roxo e um corte na face, além de hematomas no antebraço que comprovam sua tentativa de se defender, Sirlei foi levada pelo patrão para o Hospital Lourenço Jorge, onde foi atendida.

Através da placa do carro, policiais da 16ª Delegacia de Polícia (Barra da Tijuca)chegaram ao dono do carro, o estudante de direito Felipe Macedo Nery Neto, de 20 anos. Ele foi o primeiro a ser preso, confessou o crime e entregou os outros participantes.

Leonardo de Andrade e Júlio Junqueira, de 21 anos, também foram presos. Segundo o delegado Carlos Augusto Nogueira Pinto, eles seriam indiciados por roubo, lesão corporal dolosa e formação de quadrilha e deveriam ser transferidos para a Polícia Interestadual (Polinter) ainda neste domingo. Os procurados pela polícia por suposta participação no crime são Rodrigo Bassalo, de 20 anos, e Rubens Arruda, de 19.

Na porta da delegacia, o técnico em informática Sérgio, pai de um dos jovens presos, que não quis dar o sobrenome nem dizer o nome do filho, disse estar em estado de choque. Segundo ele, os meninos se conheciam porque moravam em condomínios vizinhos e freqüentavam os mesmos lugares no bairro.

Na hora do crime, eles voltavam de uma festa rave no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste. "Como pai eu sou suspeito, mas meu filho estudava e trabalhava, ia e voltava do trabalho comigo, é um garoto bom", desculpou ele, contando que o rapaz afirma que não participou do espancamento, porque estava alcoolizado e sem condições de descer do carro.

"Se ele não participou, tenho medo que sua vida fique marcada por esse episódio, mas se espancou essa moça e a Justiça provar isso, então ele vai ter que pagar", disse Sérgio.

É a mesma coisa que a doméstica e sua família querem: "Justiça", pediu ela, que ainda não decidiu se irá processar os agressores por dano moral. "Eu também tenho um filho homem e não quero nada de mal para esses garotos, mas eles têm que ser julgados pelo que cometeram", disse o pedreiro Renato Moreira Carvalho, pai de Sirlei, que a acompanhou para prestar depoimento na delegacia.
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                      Jovem de Classe Media Rouba Celular em Bar.


Área nobre, jovens de classe média alta assistiam a partida de futebol da final do Campeonato Brasileiro no Escritório Bar, localizado na Praia do Canto, em Vitória. Mas, uma confusão no lado de fora fez com que um jovem se aproveitasse da situação para cometer o crime.

As imagens das câmeras de videomonitoramento flagraram um rapaz que se aproveitou quando a mesa ficou vazia para pegar a cerveja da vítima. Ele serve os amigos e ainda devolve a garrafa. Em seguida, rouba um celular que custa mais de R$ 500. Um dos amigos do ladrão que está próximo comemora, dança e desdenha da vítima.

O dono do celular, ao retornar à mesa percebe o roubo e, sem saber, pede ajuda ao próprio jovem que o roubou. O acusado, fingindo ajudar, demonstra gentileza e liga para o celular roubado, que já estava desligado.

Segundo investigações da polícia, o jovem que cometeu o furto pagou a conta em dinheiro, justamente para não ser identificado. Mas, o delegado responsável pelo caso afirmou que pelo rastreamento do celular da vítima poderá prender o ladrão.

Destacou o Delegado João Calmon, do Distrito Policial (DP) da Praia do Canto.

Fonte: Folha Vitória

6 de mar. de 2012


 Páginas de Uma Memória: Carandiru.


Aleluia, Claudinho, Professor Amauri, Twin, Daniel, Favela, Lenno, Manoel, Edivaldo. Os personagens eram muitos, havia 7.500 a certa altura. "Eu conheço cada buraco, cada pedaço de cimento queimado", disse Sérgio Zeppelin, em seu depoimento. Tudo foi pelos ares recentemente, mas as histórias e os documentos finais da epopéia da Casa de Detenção, o lendário Carandiru, voltam à tona com o lançamento de Aqui Dentro - Páginas de Uma Memória: Carandiru, um trabalho conjunto de Maureen e Sophia Bisilliat, André Caramante e João Wainer, lançamento da Imprensa Oficial do Estado e o Memorial da América Latina. O livro tem 260 páginas e custa R$ 60,00.

Durante um ano e meio, de segunda a sexta-feira, eles foram à Detenção no período que antecedeu sua desativação. E documentaram e ouviram presos. Para a atriz Sophia Bisilliat, ouvir os presos não era uma novidade: ela passou 20 anos de sua vida trabalhando como voluntária no Carandiru.

"Eu passava de metrô por ali e dizia: um dia vou trabalhar lá dentro", conta Sophia, que teve um irmão preso quando era adolescente. "Tinha vontade de fazer algo por eles. Se um dia me pedirem para voltar, eu volto", afirma.

Sophia adotou o Carandiru e tornou-se uma espécie de madrinha da comunidade carcerária, uma Rita Cadillac que nunca precisou rebolar. Ela chegou a organizar um desfile de modas com travestis, trilha de Roberto Carlos e modelos de Marcelo Sommer, no Pavilhão 6. Quando ela soube que o presídio ia ser desativado, reuniu-se com uma equipe para começar o planejamento desse trabalho, que consiste em um apanhado de fotos e depoimentos de presos (mais de 70 horas de conversas), diretores, antigos funcionários, voluntários da igreja e da medicina.

O retrato que emerge em Aqui Dentro não é o clichê do presídio, o caos e a desonra, a terra de ninguém. Na fotos de João Wainer e nos stills de Maureen Bisilliat surgem quartos extremamente arrumados, oratórios e demonstrações de fé, uma rotina de trabalho e de improvisação.


"Agora, está todo mundo em pânico: Bush pra cá, o Bin Laden está lá. A fome tá aí, a prostituição também, o assassino também, o assalto, ninguém vai no mercado sozinho, está ficando doido, só não está doido o povo de Deus", declarou Aleluia, um dos presos fervorosamente convertidos à religião.

A seleção de personagens, segundo ela conta, obedeceu a esse critério: a de escolher pessoas que tivessem uma determinada função ou cumprisse certo papel na Detenção. Daniel, por exemplo, era "piloto" (um chefe de pavilhão, espécie de homem forte da hierarquia local). O Professor Amauri era um mestre-escola, um detento que dedicou a vida a dar aulas aos companheiros.

Com a "diáspora" dos habitantes da Detenção para outros presídios do Estado e a demolição dos pavilhões, poder-se-ia pensar que a história acabou. Não só não terminou, como algumas relações se mantêm. Na semana passada, Sophia foi convidada a registrar uma première de um cantor de rap, no Guacuri. Os astros eram gente como Racionais MC"s. Ela era a única "de fora" no evento. "Quando ele estava no Carandiru, dizia que seu sonho era sair e fazer um show. Quando fez o show, me convidou. Ficou meu amigo, é um cara com quem eu posso contar", ela diz.

Em tempo: nem Sophia nem Maureen Bisilliat, mentoras do projeto, gostam de Carandiru, de Hector Babenco. "Se afasta muito do que foi de verdade. Tudo, os personagens. Gostei da direção de arte, é muito bonita, mas no geral é muito distante da realidade de lá de dentro. Não me tocou", diz Sophia.
"Não é gostei ou não gostei. Acho que é um filme corajoso, mas não me deixou marcas. O que eu acho é que ele abriu o Carandiru ficcionalmente para a periferia. E por que não?", diz Maureen Bisilliat.

"Ao trabalhar com os presos, num lugar onde todas as questões da sociedade não resolvidas são cristalizadas, a gente percebe que os que lá estão perderam a fé em cada um de nós. Eu sou cristão e venho me colocar à disposição para que, valorizando a pessoa, ela possa acreditar de novo e participar numa caminhada de solidariedade, para um futuro melhor. Se não receberem essa mensagem, se não tiverem essa experiência, vai ter cada vez mais violência na sociedade"

Declarou o Padre Gunter, da Pastoral Carcerária.

5 de mar. de 2012


                                          Droga Fora de Moda

Finalmente uma notícia boa a respeito de drogas: está diminuindo o número de jovens que adere ao uso de maconha e outros entorpecentes nos Estados Unidos. Pesquisa realizada por uma associação norte-americana acaba de indicar que, pelo terceiro ano consecutivo, ocorreu  sensível aumento no índice de adolescentes na faixa entre treze e dezoito anos que considera antiquado o uso de narcóticos e que desaprova aqueles que os utilizam.

Segundo tal pesquisa, atualmente quarenta porcento dos jovens estão convencidos de que "as pessoas realmente boas não usam droga" contrastando com os trinta e cinco porcento que, no ano passado, pensavam assim. Em 1997 a cifra era ainda mais modesta. Apenas dez porcento, contra dezessete porcento no ano passado, responderam "sim" à pergunta: "Em sua  escola, quem fuma maconha é popular?" Os mais jovens é que expressaram interesse menor pelas drogas: apenas oito porcento dos entrevistados com menos de quinze anos aprovam seus companheiros que fumam maconha ou consomem pastilhas com substâncias narcóticas.

Uma das causas apontadas pela queda de prestígio das drogas e pela mudança de conduta dos jovens norte-americanos é a visível formação de um novo e salutar ambiente. Seus ídolos atores e cantores, já não fazem propaganda da droga como há alguns anos. Pelo contrário, passaram a condená-la e a afastar-se daqueles que sabem ser praticantes do uso indevido de  narcóticos. Na interpretação da entidade responsável pela pesquisa, esta influência tem sido fundamental para a redução do consumo e para o fato de as drogas virem "caindo de moda".

Apesar das notícias otimistas, ainda não é hora de imaginar que o problema caminhe para a solução final. Pelo contrário, em outras partes do mundo - especialmente na Europa - é ainda muito alto e crescente o índice de adesão da juventude às drogas. Outro estudo recente demonstrou que, entre os europeus, o consumo de maconha está de tal forma banalizado que já não é considerado pela maioria como um desvio de conduta que necessite ser combatido.

O Brasil é outro país onde a situação se apresenta como altamente preocupante. De acordo com pesquisa realizada pelo IBOPE a pedido da Associação Parceria Contra as Drogas, o número de jovens dependentes de drogas está crescendo assustadoramente, independentemente de classe social ou nível de escolaridade. E isto se deve, segundo se conclui, pela facilidade de acesso às fontes de fornecimento. De 1998 para 1999, as facilidades de obtenção de drogas como a maconha e o Crack aumentaram de quarenta e dois para quarenta e nove porcento e de dezenove para vinte e seis porcento, respectivamente.

O número de crianças e adolescentes brasileiros que convivem com amigos que usam qualquer tipo de drogas ou que já experimentaram também cresceu. Já o número de jovens que dizem ter sido convidados para experimentar alguma substância psicotrópica saltou de vinte e cinco para trinta e um porcento de um ano para o outro.

O único dado positivo revelado por esta mesma pesquisa é o fato de se estar verificando que o estereótipo do consumidor de drogas ficou mais negativo para os entrevistados - coincidindo com a mesma percepção revelada pela sondagem realizada nos Estados Unidos. Embora não tenham sido aprofundados os estudos neste sentido as causas desta mudança (para pior)  na imagem dos consumidores devem ser buscadas, também, na adesão de muitos ídolos brasileiros da juventude à luta contra as drogas e na multiplicação das campanhas educativas.

Os dados revelados por ambas as pesquisas nos dão uma certeza: é mais eficaz buscar a conscientização da juventude contra os males físicos, comportamentais e sociais da droga do que perseguir narcotraficantes. Sem "fregueses", eles perdem a força propulsora de seus negócios bilionários, aos quais se misturam tantas outras atividades criminosas - aliás, como tem, para escândalo geral, sobejamente demonstrado a meritória CPI do Narcotráfico instalada pela Câmara Federal.

Neste sentido, pois, seria alentador se víssemos multiplicarem-se as campanhas educativas nas escolas e nos veículos de comunicação. Sem dúvida, assim como felizmente já está ocorrendo nos Estados Unidos, também no Brasil passaríamos a assistir a decadência da droga e de seus mentores.


Fonte: Gazeta do Povo

4 de mar. de 2012

Anfetaminas, ecstasy e outras drogas psicotrópicas

Em muitos países europeus, a segunda substância ilegal mais consumida é algum tipo de droga sintética. O consumo destas substâncias entre a população em geral é habitualmente baixo, mas as taxas de prevalência entre os grupos etários mais jovens são significativamente mais elevadas, e o consumo destas drogas pode ser particularmente alto em alguns contextos sociais ou entre alguns grupos culturais. Globalmente, as anfetaminas (anfetaminas e metanfetaminas) e o ecstasy figuram entre as drogas sintéticas mais prevalecentes.

As anfetaminas e metanfetaminas são estimulantes do sistema nervoso central. Das duas drogas, as anfetaminas são claramente mais fáceis de obter na Europa. A nível mundial, os crescentes níveis de consumo das metanfetaminas suscitam grande preocupação, uma vez que esta droga está associada a vários problemas de saúde graves. O consumo significativo de metanfetaminas a nível europeu parece estar restringido à República Checa.

O ecstasy refere-se a substâncias sintéticas quimicamente relacionadas com as anfetaminas, mas que diferem um pouco destas quanto aos efeitos. O membro mais conhecido do grupo do ecstasy é o 3,4-metilenedioxi-metanfetamina (MDMA), mas podem encontrar-se outras substâncias análogas nas pastilhas de ecstasy (MDA, MDEA, etc.). Estas drogas são, por vezes, denominadas substâncias entactógenas, termo que se refere aos seus efeitos muito específicos de alteração do humor. Às vezes produzem efeitos mais habitualmente associados às substâncias alucinogénias.

Historicamente, o ácido lisérgico dietilamida (LSD) é, de longe, a droga alucinogénia mais conhecida, mas os seus níveis de consumo globais há muito tempo que se mantêm baixos e bastante estáveis. Recentemente, surgiram indícios de que há uma maior disponibilidade e um maior consumo de alucinogénios naturais, sobretudo de cogumelos alucinogénios.

Para detectar as novas drogas que surgem no mercado de droga europeu, a UE criou um sistema de alerta precoce, que também monitoriza as novas tendências potencialmente prejudiciais do consumo de substâncias psicoactivas.

Oferta e disponibilidade (81)

É difícil quantificar a produção de anfetaminas e de ecstasy porque “se baseia em produtos químicos facilmente disponíveis e tem lugar em laboratórios fáceis de ocultar” (UNODC, 2003a). A estimativa mais recente da produção global anual de anfetaminas e de ecstasy é de 520 toneladas (UNODC, 2003b). As apreensões mundiais destas substâncias atingiram o auge no ano de 2000, com 46 toneladas. Depois de um declínio em 2001 e 2002, as apreensões voltaram a aumentar para 34 toneladas em 2003, e diminuíram ligeiramente para 29 toneladas em 2004. Em 2004, a percentagem de metanfetaminas nas apreensões globais de anfetaminas e ecstasy baixou para 38% (de 66% em 2003), representando o ecstasy 29% e as anfetaminas 20% (CND, 2006).

Anfetaminas

A produção mundial de anfetaminas continua a estar concentrada na Europa Ocidental e Central, em especial na Bélgica, Países Baixos e Polónia. Nesta sub-região, a Estónia, Lituânia e Bulgária também desempenham um papel significativo no fabrico ilegal de anfetaminas, bem como a Alemanha, a Espanha e a Noruega, embora em menor grau, como demonstrou o desmantelamento de laboratórios de anfetaminas nestes países, em 2004 (UNODC, 2006) (82). Fora da Europa, as anfetaminas são principalmente produzidas na América do Norte e na Oceânia (CND, 2006)

. Em 2004, o tráfico de anfetaminas continuou a ser essencialmente intra-regional. A maior parte das anfetaminas encontradas nos mercados ilegais da Europa provém da Bélgica, dos Países Baixos e da Polónia, bem como da Estónia e da Lituânia (nos países nórdicos) (Relatórios Nacionais Reitox, 2005; OMA, 2005).

Das 6 toneladas de anfetaminas apreendidas a nível mundial em 2004, cerca de 97% foram apreendidas na Europa, principalmente na Europa Ocidental /Central e de Sudeste (respectivamente, 67% e 26% da quantidade global apreendida) (CND, 2006).

Estima-se que em 2004 tenham sido efectuadas 33 000 apreensões de anfetaminas na UE, equivalentes a 5,2 toneladas e a 9,6 milhões de unidades. Em termos do número de apreensões e do peso das anfetaminas apreendidas, o Estado-Membro da UE que mais apreensões de anfetaminas tem efectuado, em permanência, é o Reino Unido (83). A Turquia notificou a apreensão de 9,5 milhões de unidades de anfetaminas em 2004. Não obstante algumas flutuações, a nível da UE o número global de apreensões de anfetaminas (84) e as quantidades (85) apreendidas aumentaram desde 1999 e, tendo em conta os resultados apresentados pelos países que forneceram dados, esta tendência crescente parece ter continuado em 2004.

Neste ano, o preço médio das anfetaminas na venda a retalho variou entre 4 euros por grama na Eslovénia e 64 euros por grama em Malta (86). Ao longo do período de 1999–2004, os preços das anfetaminas, indexados à inflação (87), diminuíram globalmente na Alemanha, Espanha, Irlanda, Letónia, Lituânia, Suécia, Reino Unido, Bulgária, Turquia e Noruega (88).

A pureza média das anfetaminas, em 2004, variou entre 5–6% na Bulgária e 44% na Noruega (89). Os dados disponíveis (90) sobre a pureza média das anfetaminas no período de 1999–2004 revelam tendências globalmente decrescentes na Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Finlândia e Noruega, e tendências crescentes na Bélgica, Alemanha, França, Itália, Hungria e Áustria.

Metanfetaminas

A nível mundial, no que se refere às quantidades produzidas e traficadas, as metanfetaminas continuam a ser mais importantes do que as anfetaminas ou o ecstasy, embora a sua percentagem nas apreensões globais tenha diminuído em 2004. Continuam a ser principalmente produzidas na Ásia Oriental e do Sudeste (China, Filipinas, Mianmar, Tailândia), seguidas da América do Norte e Central (Estados Unidos, Canadá, México).

 Em 2004, foram apreendidas 11 toneladas de metanfetaminas a nível mundial, 59% das quais na Ásia Oriental e do Sudeste e 37% na América do Norte (CND, 2006). Na Europa, a produção de metanfetaminas está, em grande medida, limitada à República Checa, onde tem sido produzida, desde meados da década de 80, sob a denominação local de “pervitin”. Todavia, em 2004, a sua produção também foi notificada na Eslováquia e na Bulgária, países onde foram desmantelados laboratórios (Relatórios Nacionais Reitox, 2005; UNODC, 2006).

 A maior parte da produção checa de metanfetaminas destina-se ao mercado local, embora também seja traficada para a Alemanha, a Áustria e a Eslováquia (Relatórios Nacionais Reitox, 2005). Em 2004, foram notificadas apreensões de metanfetaminas na Bélgica, República Checa, Dinamarca, Estónia, Grécia, França, Letónia, Lituânia, Hungria, Áustria, Eslováquia, Suécia, Roménia e Noruega, sendo esta última responsável pelo maior número de apreensões e as maiores quantidades apreendidas

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