"Drogas
são subtração ! Viver sem elas é evolução!
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Henrique
Skujis e Maria Paola de Salvo | 02/06/2010
M.G.O.,
41, empresário, dono de postos de gasolina: "virei um noia"
Fernando
Moraes
“Nasci
e cresci no Itaim e sempre estudei em escolas particulares. Aos 16 anos, era
um maconheiro inveterado. Não apenas por modismo, mas também porque tinha
autoestima baixa e era tímido. Passei a usar cocaína e injetáveis. Descobri
como se fazia crack em casa e passei a fumar.
Tive dois filhos e, em 1999, depois de tentar parar, eu me internei pela primeira vez. Fiquei limpo por mais de cinco anos, quando decidi voltar a estudar. Em 2006, finalmente eu me formei em administração e, para comemorar, decidi tomar uma cerveja. Mas o álcool é um gatilho para a droga. Recaí e fumei todas as pedras a que tinha direito. Sou daquele tipo que acaba com o estoque do traficante. Apesar disso, nunca deixei de atender às necessidades de meus dois filhos e de minha mulher.
Hoje
alterno períodos de seis meses sem usar, mas sempre recaio. Chego a ficar
dois dias fora de casa. Virei um ‘noia’. Por insistência da família, decidi
me internar no último dia 8. Fui para a clínica só com a roupa do corpo e com
a vontade de ficar livre disso de uma vez por todas. Hoje sei que sou doente.
Preocupo-me com meus filhos e com minha mulher, que nem sei mais se ainda
tenho.”
M.G.O., 41, empresário, dono de postos de gasolina |
anderson José Capelari
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"Caro amigo(a) em recuperação, Fico
imensamente feliz em poder compartilhar o que foi o álcool e as drogas em
minha vida. Como entrei nesse mundo, o que vivi e como consegui me recuperar.
Deixo aqui um depoimento do que foi minha trajetória diante do álcool e
demais drogas.
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Nunca sabemos quem será um dependente, muitas são
as causas do uso freqüente e indiscriminado do álcool: por carências, por
falta de auto-estima, por decepções, por falta de coragem em enfrentar o
duvidoso; o que pode levar ao vicio, à dependência. Um fator que faz
fatalmente a diferença é a existência da carga genética. No meu caso o que me
levou a beber cada vez mais e mais provavelmente, foi a carga genética.
Existiam casos em minha família, pelo lado do meu pai. Familiares próximos de
pessoas alcoólatras, apresentam um risco quatro vezes maior que indivíduos
que não têm familiares alcoólatras.
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Sempre tive o álcool na minha família, desde
criança presenciei cenas de violência, desamor, dissabores, falta de
auto-estima, falta de dignidade e coragem, em meu querido pai, que também foi
um doente do álcool, e por esta razão veio a falecer. Meu pai não era uma má
pessoa, muito pelo contrário, mas, se tornava uma pessoa decadente quando
estava fora de si e sob o efeito do álcool. Pois quando ingerimos qualquer
tipo de droga deixamos de ter uma alma autêntica, passamos a ter um eu que
não existe quando estamos sãos ou sóbrios.
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As características que meu pai apresentava eram
resultantes da doença que também adquiri por herança genética. Eu deveria ter
me tornado justamente o inverso de meu pai, ter observado mais o que
acontecia com ele, ter mais audácia, mais amor e ser uma pessoa sempre
alegre, amorosa, que deixasse meus familiares satisfeitos em ter minha
companhia por perto, mas não, não tive maturidade para separar as coisas e
aos 18 anos comecei no caminho do álcool também.
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Pensava que tinha controle sobre a bebida, a
usava porque ela dava prazer, alegria, trazia conquistas, como aquela
mulherada que víamos nas propagandas de televisão são lindas ali no reclame,
né?. Mas não foi isto que aconteceu. Com o passar dos anos, eu precisava de
mais e mais álcool, pois o organismo se torna tolerante a bebida e cada vez
mais precisa de uma quantidade maior para ter as mesmas sensações daquela
única cervejinha que tomava quando comecei a beber.
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Então as doses foram aumentando e os tipos de
bebida também. Até que um dia, não mais satisfeito de beber tanto, parti para
outras drogas, como a cocaína. Também foram aumentando as amarguras de minha
família e minha auto-estima – meu amor próprio e minha vontade foram se
dissipando, foram indo embora.
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Isso começou a afetar de forma intensa a família
e pessoas muito amigas, que penavam em ver-me caindo nas ruas ou causando
problemas, confusão e quase mortes em vários lugares. E quanto as belas
mulheres das propagandas de televisão, você deve imaginar o que encontrei.
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Estava freqüentado lugares que sempre temi, como
as biqueiras onde buscava minhas "droguinhas". Estava andando com
pessoas, que muitas pessoas nem passavam perto, de temor, e isso só me
afundava, me levando a um abismo sem fim, e assim fui destruindo minha moral
perante a sociedade. Cada vez que colocava em meu organismo estas substâncias
alcoólicas ou químicas, me tornava cada vez mais um anti-social.
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Minhas alucinações, delírios e crises começaram a
surgir, cada vez mais e com maior intensidade. Não vou lhe falar quantas
vezes fiquei internado, pois não saberia precisar a quantidade, pois foram
muitas vezes.
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Um dia não agüentava mais esta vida, ajoelhei
pedindo a deus uma saída, pois não agüentava mais tanta depressão, pois a
droga tem um ciclo: inicialmente causa entusiasmo, depois vem a perturbação
mental e a depressão. Ai você ingere mais droga para voltar a se entusiasmar.
É uma bola de neve. Quando menos esperamos nos tornamos um dependente. Deus
me ouviu e mandou um anjo em minha casa, um amigo que não via há muito tempo,
também dependente.
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Este meu amigo chegou num sábado pela manhã aqui
em casa, eu estava acordando de uma ressaca brava, ele me convidou à
participar de um grupo que ele estava freqüentando e me disse que estava em
abstinência do álcool e drogas há mais de 06 meses.
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Inicialmente não acreditei no meu amigo, mas
pensei na hora, este é o sinal de deus! Pois se este meu amigo que tanto
bebeu e se drogou conseguiu parar, por quê eu não vou conseguir? Por quê?
Resolvi me dar uma chance e fui freqüentar o mesmo lugar que estava
auxiliando o meu amigo em sua recuperação. Hoje estou há meses sem ingerir
nenhum tipo de substância nociva ao meu organismo. Deixo aqui pra você duas
frases para reflexão:
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Drogas são subtração ! Viver
sem elas é evolução!
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Depois que deixei as drogas observei que meu
ciclo de amizades voltava a ser interessante e que me agregavam muitos
valores, além de estar reconquistando minha família que hoje vive muito
feliz, e até voltou a me convidar para as ocasiões familiares ( pois
antigamente eu era o excluído).
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Também resolvi investir na prevenção ao uso
abusivo de drogas e fiz treinamento no Denarc, me tornando um agente de
prevenção ao uso de drogas. Através de cursos e palestras que ministro hoje e
grupos de recuperação, me motivo cada dia mais a manter a distância desta
vida ilusória e a resgatar e prevenir vidas.
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Concluindo , a dependência é lenta, progressiva e
tem um ciclo certo se não interrompido a tempo: começo, dependência e morte!
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Dizem que na vida das pessoas dependentes,
existem 3 c’s: caixão, cama ou cadeia, eu vivenciei dois deles, e graças a
deus, ao meu amigo e a mim que me dei esta chance, estou muito vivo e
continuarei por muitos anos, para poder dar minha contribuição a quem ainda
não se recuperou desta doença tão sofrida pra quem adquiri e para os
familiares, pessoas que nos amam, que sofrem muito.
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Espero que este relato lhe ajude e que você
acredite sempre na força do amor divino. Pois deus nunca lhe abandonará e os
familiares que realmente o amam, sempre estarão a sua volta, mas honre sempre
este amor e tome a atitude que julgar adequada para chegar a ter uma boa
qualidade de vida, pois só você pode decidir por isto!
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Temos aqui em São Paulo a associação
anti-alcoólica onde busquei ajuda, por orientação do meu amigo, considero
vital participar de grupos assim, pois você só terá conquistas ao lado de uma
organização de dependentes e ao lado de deus te segurando, e o apoio
incondicional da família que é o esteio que necessitamos sempre!
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Com muito carinho, amor e desejo de sucesso, Anderson
José Capelari."
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8 de dez. de 2011
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