Droga sintética.
Droga sintética.
A tendência vem se confirmando, ou seja, as drogas sintéticas psicoativas (feitas em laboratórios e sem componentes naturais) estão substituindo as semi-sintéticas como, por exemplo, o cloridrato de cocaína: o cloridrato de cocaína tem a folha natural de coca como matéria-prima.
Segundo constatado pela União Europeia, nos dois últimos anos foi ofertado ao mercado consumidor um novo tipo de droga sintética a cada semana. Em outras palavras, por semana um tipo desconhecido e com componentes ativos proibidos por lei e genericamente denominados por metanfetaminas.
Para Viviane Reding, comissária da pasta da Justiça da União Europeia, o dado é alarmante, uma droga nova por semana.
No ano de 2010, as polícias dos Estados-membros da União Europeia apreenderam 48 novas drogas proibidas, com misturas e princípios ativos diversos. Como bem sabem todos os que acompanham a geoeconomia das drogas ilícitas, basta uma novidade que tenha caído no gosto de uns poucos usuários para a substância se espalhar e conquistar mercados. Pelas infovias, os que experimentaram e aprovaram cuidam da difusão espontânea.
Viviane Reding, em entrevista dada hoje em Bruxelas, destacou que “as novas drogas sintéticas estão a avançar e tornaram-se disponíveis num nível sem precedentes na Europa. Por isso, o tráfico transfronteiriço virou o crime de maior incidência nos estados integrantes da União Europeia”.
No Brasil está a maior indústria química da América Latina. E a falta de fiscalização dos insumos poderá transformar o nosso país em grande produtor de drogas sintéticas. Será um concorrente da Colômbia, Peru e Bolívia, países de cultivo de coca e produção de cloridrato de cocaína.
O destacado pela comissária Reding não representa exageros. Uma recentíssima pesquisa do Eurobarômetro revela que os jovens europeus estão cada vez mais expostos à oferta de drogas proibidas. Pelos dados apresentados pelo Eurobarômetro, 5% dos jovens admitiram ter feito uso de drogas e na Irlanda o porcentual chega a 16%, com 9% na Polônia e 8% no Reino Unido.
PANO RÁPIDO. As drogas sintéticas perderam mercado nos anos 90 por causa da impureza na elaboração, isto por químicos diletantes unidos a pequenos traficantes, ambos sem vínculos com as máfias internacionais.
Hoje o quadro é diverso e as máfias internacionais cuidam da elaboração e da oferta. Para elas, o lucro com as sintéticas é muito maior do que com a cocaína, cuja matéria-prima é Andina e o transporte do cloridrato é caro. As sintéticas são produzidas, como regra, nos próprios locais (estados nacionais) de oferta. Quando não, em países vizinhos.
Wálter Fanganiello Maierovitch