Casos de violência contra mulheres aumentaram em 2010
Dados de uma pesquisa realizada pela Organização não Governamental (ONG) Centro pelo Direito à Moradia contra Despejos (Cohre), intitulado “Um Lugar no Mundo”, revelam que uma em cada quatro mulheres brasileiras sofre violência doméstica, ou seja, a cada um minuto quatro mulheres são violentadas no Brasil de maneira física, sexual, ou psicológica.
Números obtidos junto às Secretarias de Segurança Pública dos estados brasileiros sobre violência doméstica contra a mulher, revelam que as ocorrências mais comuns nas Delegacias de Atendimento às Mulheres são de ameaças e de lesão corporal. Em geral, as agressões são praticadas por companheiros, que agem com atos de discriminação do gênero.
Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela ainda que o número de ligações feitas ao disk denúncia nacional (180), por mulheres vítimas de violência doméstica cresceu 112% de janeiro a julho de 2010 em relação ao mesmo período do ano de 2009. Em termos internacionais, o Brasil ocupa o 12° lugar no ranking de violência doméstica.
Quadro de violência doméstica no Acre
O Acre ocupa o 24° lugar entre os estados com maior número de queixas registradas, mesmo assim, mulheres que tiveram uma vida marcada pela violência cometida por aqueles de quem deveriam receber amor, podem contar com um atendimento diferenciado. Inaugurada em outubro de 2010, a Promotoria de Combate à Violência Doméstica e Familiar já atendeu cerca de cinqüenta mulheres oferecendo apoio psicológico, jurídico e social.
Promotora de Justiça Marcela Cristina Ozório. (Foto: Ascom)
“Nosso diferencial é o acompanhamento realizado por uma equipe multidisciplinar, composta por um assistente social, psicólogo e assessor jurídico, (…) temos também uma brinquedoteca onde as crianças aguardam a mãe ser atendida, deixando-a mais à vontade para expor seus problemas”. Afirma a Promotora Marcela Ozório, responsável pela Promotoria de Combate à Violência Doméstica e Familiar.
De acordo com Marcela, a equipe busca oferecer auxílio e condições de independência à vítima, tendo em vista que um dos fatores comuns nestes casos é a dependência econômica e a falta de moradia. Para mudar essa realidade, a promotoria conta com uma rede de parceiros que atua de forma direta na profissionalização das mulheres.
Casa Rosa Mulher já atendeu cerca de oito mil mulheres desde sua fundação .
(Foto: Crislei Souza)
Entidades na prevenção e combate a violência.
Entre os parceiros do Ministério Público junto à Promotoria está à Casa Rosa Mulher que desde sua fundação já realizou cerca de oito mil atendimentos à mulheres submetidas aos crimes de violência. Segundo a Assessora Jurídica Vanessa Martins, integrante da equipe multidisciplinar da Casa, o principal objetivo da entidade é acabar com o ciclo de violência, oferecendo a cada mulher o encaminhamento necessário que varia de acordo com o grau de violência sofrida. Há ainda um apoio de qualificação profissional que além de inseri-la no mercado de trabalho, garante independência financeira, melhorando a estima e estabelecendo laços de confiança com a instituição.
Para mulheres em situação de risco, há a Casa-abrigo Mãe da Mata, pois após o registro do boletim de ocorrência, o Juiz determina imediatamente medidas protetivas, entre elas: proibição de contato com a vítima, pagamento de pensão, afastamento do lar, e, nos casos mais graves, prisão preventiva, nessas circunstâncias a vítima pode procurar auxílio da casa-abrigo. Vale destacar que o trabalho realizado é possível através de um sistema de informações integrado que compartilha em tempo real todos os casos em andamento, agilizando processos e trazendo mais segurança àquelas que foram mártires de sua própria escolha.
Relatos de uma vida marcada pela violência.
“(…) Tudo começou em um dia comum. Eu estava grávida de sete meses quando meu marido chegou do trabalho nervoso. Perguntei a ele o que tinha acontecido quando ele começou a gritar comigo, estava descontrolado. Parecia que tinha trazido todo o estresse do trabalho para dentro de casa. Me deu um tapa no rosto e depois me pediu desculpas. No início achei que ele não queria me machucar, mas a humilhação só foi aumentando, não só com tapas, socos ou murros, mas com palavras que me deixavam arrasada, hoje já fazem seis anos desde que eu decidi sair dessa vida. Não sei como pude agüentar tanto tempo.” “(…)
LARGA ELA PAI, NÃO FAZ ISSO, VOCÊ VAI MATAR A MAMÃE…
Depoimento de J.M.A. – Vítima de violência doméstica durante 7 anos.
O depoimento acima é de uma mulher que viveu por anos, atormentada pela violência sofrida dentro de sua própria casa. Embora tenha levado tempo para denunciar o esposo, sua historia tomou um rumo diferente a partir do momento em que o esposo foi preso. Acabe você também com o ciclo de violência doméstica. Denuncie.
Reportagem produzida por Agnes Cavalcante, Crislei Souza e Lillian Lima
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