NOSSAS EXPERIÊNCIAS

7 de fev. de 2012

Para entender os caminhos que levam brasileiros a sofrer de compulsão sexual.


O Hospital das Clínicas de São Paulo inicia um estudo em larga escala sobre o distúrbio, recrutando pessoas a partir dos 18 anos.


A compulsão, pouco conhecida, se caracteriza pela busca incessante de satisfazer as vontades sexuais, surgidas em excesso. Por ser compulsivo, o paciente costuma perder o controle de suas ações e causar transtornos tanto para si, quando para pessoas próximas. E pior: tende a trair mais.

Segundo os especialistas consultados pelo R7, o compulsivo sexual tende a perder a noção do que é certo ou errado e acaba por "atravessar fronteiras morais" para conseguir esse objetivo.
De acordo com a psicóloga Cida Lessa, especialista em sexualidade humana, a compulsão pode ser considerada uma patologia que deve ser tratada com remédios.

- Além da terapia, temos também passagens pelo psiquiatra e até medicamentos, dependendo do nível da compulsão. Tratamento em conjunto é fundamental.

Traição acaba com casamento

Ela dá como exemplo o ocorrido com um atual paciente seu, que sofre do problema. Ainda casado, ele apresentava um comportamento compulsivo, que acabou por minar o próprio relacionamento.
Sua mulher descobriu que, desesperado por sexo, o marido procurava outras parceiras pela internet, em sites de encontros. Ele não conseguiu reconquistá-la, mesmo depois de detectado o problema e iniciado o tratamento.

- A traição é muito comum em casos de compulsão sexual. As pessoas tendem a se expor muito mais e chegam a perder o medo de aventurar-se com outras pessoas, mesmo tendo um relacionamento fixo e estável.

Internet é fonte de prazer e culpa

Segundo o responsável pela pesquisa do HC, o psiquiatra Marco de Tubino Scanavino, que está recrutando homens e mulheres alfabetizados, com ou sem impulso sexual em excesso, a internet é uma grande fonte para quem sofre do problema.

- O comportamento compulsivo compromete a vida da pessoa, que se afasta da família, da vida social, sempre em função da busca de sexo, de parceiros ou de elementos de excitação que a internet e os sites pornográficos proporcionam.

No Brasil, ainda não existe um estudo conclusivo para medir a quantidade de pessoas que sofrem de compulsão sexual. Mas, a mesma pesquisa realizada nos Estados Unidos apontou que de 3% a 6% da população total do país sofre com o problema.

A dificuldade do diagnóstico é um das maiores entraves para se fechar esses números aqui no Brasil, diz o pesquisador. Isso porque o problema envolve a exposição de desejos íntimos que geram prazer e culpa ao mesmo tempo.

- Geralmente, as pessoas não procuram tratamento porque, ao passo que a compulsão traz sofrimento, com a perda da família, da vida social e até do emprego, também traz prazer para a vida daquele paciente inquieto, ansioso ou depressivo.

Scanavino explica que a compulsão por sexo não tem o mesmo significado do que o vício na atividade sexual, apesar deste também ser considerado um distúrbio mental que envolve a sexualidade.

- O compulsivo não é aquele que só busca sexo o tempo todo, mas também aquele que "despeja" no sexo a solução de sua ansiedade e até de sua depressão.

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