VIDA DAS GAROTAS DE PROGRAMA PASSA LONGE DO GLAMOUR DAS TELA.
16/03/2011 02h00
No cinema ou na literatura, a coisa até parece fácil e divertida.
Mas, na real, a vida de uma garota de programa passa longe do clima de videoclipe do sucesso
de bilheteria "Bruna Surfistinha".
Há duas semanas em cartaz, o filme foi assistido por mais de 1 milhão de pessoas.
O longa é inspirado no livro"O Doce Veneno do Escorpião"(Panda Books),que relata as experiências de Bruna, codinome de Raquel Pacheco, 26, que viveu como garota de programa dos 17 aos 21 anos.
O filme de Marcus Baldini, com Deborah Secco como Bruna, parece uma peça publicitária, mas traz
um pouco do lado B da prostituição. Caso da passagem da personagem pelo chamado "baixo clero" dos bordéis, ou o famoso "vintão" -nome e preço do programa.
O longa e a história real de Bruna mostram também como tudo pode começar a partir de uma
brincadeira: na cena inicial, Deborah Secco encarna uma lolita que despe sua camisola via webcam. Pode ser o primeiro passo para um universo por onde transitam jovens (incluindo aí uma penca de adolescentes) que vendem o corpo para qualquer um que pague.
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A jovem Drica, 24, vive no circuito de luxo da prostituição.
Seus clientes são empresários,advogados e
"todo tipo de gente com dinheiro".
Ela conta que começou aos 21 anos, imaginando que ganharia altas cifras.
Mesmo atendendo a "Clientes Vips", ela vivia sob o que chama de "Cárcere Privado".
"Entrava às 21h e era obrigada a ficar até às 4h da manhã.
Só podia sair se pagasse multa de R$ 100, mesmo se estivesse passando mal."
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Já Valentina, 22,apesar de formada em fisioterapia e moda,decidiu vender o corpo
quando sua família, no interior paulista, sofreu um revés financeiro.
Para ela, a violência pesou.
"Há Clientes que Agridem, há Humilhação."
Depois de dois anos como garota de programa, ela hoje é hostess de uma boate
de São Paulo e observa dramas até piores aos que viveu.
"Há clientes hoje que querem uma parceira para o sexo e para se drogar em quantidades
gigantescas", diz.
A cada cliente, existem novos perigos.
Valentina tem Amigas que Desapareceram no Exterior, Aliciadas por Redes de Tráficos de Pessoas.
Algumas são Mantidas Presas.
"DIFICILMENTE VOLTAM."
Assim como o preço do programa,o perfil da prostituição entre jovens varia de acordo com a região
do país.
"No Norte e Nordeste, o problema é a pobreza extrema mesmo",
Afirma: A Promotora Laila Shukair,
da Associação Brasileira de Magistrados e Promotores de Justiça da Infância e da Juventude.
Famílias desestruturadas se tornam alvos fáceis de redes de tráfico de pessoas -a terceira atividade criminosa mais lucrativa no mundo, depois de drogas e armas.
O dinheiro que as meninas ganham vai embora tão rápido como veio.
"É uma compensação. Se você não torra com drogas, gasta tudo no shopping".
diz Valentina.
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Nas ruas desde os 20 anos, Ticiane diz que o pior é a solidão.
"Não tenho mais vida pessoal, namorado ou amigos.
" Ela também reclama da violência.
"Saí com três rapazes que me levaram para uma rua deserta.
Se não fosse um vigia noturno, acho que tinha morrido."
A Promotora Shukair aponta três responsáveis.
A Família falhou na educação.
O Estado não garantiu o direito constitucional de essas adolescentes se desenvolverem sexualmente de forma saudável.
E falhou a sociedade três vezes:
"Na figura de quem Explora, de quem Paga e de Todos que se Omitem.".
Todos os nomes das meninas são fictícios.
fonte: www.correiodoestado.com.br
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