Depoimentos de ex-usários do Ecstasy.
ALEX KOROLKOVAS, 33 ANOS (EX-USUÁRIO)
"Para mim, a droga em si não vicia, mas sim a sensação que ela traz"
ALEX KOROLKOVAS, 33 ANOS (EX-USUÁRIO)
"Para mim, a droga em si não vicia, mas sim a sensação que ela traz"
"Conheci a droga quando vivia nos Estados Unidos, em 1999. Uma amiga me chamou para tomar ecstasy em sua casa. Fui com minha mulher. Depois de 40 minutos começamos a ficar eufóricos. Você está normal e, de repente, se sente super de bem com a vida, solto. Nossa primeira reação foi tentar transar, mas vimos que não tinha nada a ver. Para mim foi uma coisa de querer sentar e conversar, abraçar as pessoas, senti-las com um toque, de forma sensual, não sexual. Nós o usamos várias vezes, sempre em ocasiões especiais, quando podíamos ficar três dias relaxando. O ecstasy é uma droga que o deixa meio debilitado depois, como se você passasse três noites dançando em vez de uma. E tem também a questão psicológica. Você vai a uma altura tão grande de felicidade e emoção que, quando sai disso e depara com a realidade de novo, tem uma tendência à depressão. Depois que você fez, quer fazer de novo. Para mim, a droga em si não vicia, mas sim a sensação que ela traz. A primeira vez é a melhor de todas, não há uma segunda que se iguale, porque antes você não tem base para comparar. Em dois anos, tomei no máximo dez vezes, sempre com minha esposa."
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A., 26 ANOS (EX-USUÁRIO)
"Para sustentar o vício, comecei a vender"
"Minha história com droga começou em 1994 com LSD. Para sustentar o vício, comecei a vender. Mas meu mundo mudou em 1999, quando me apresentaram o ecstasy. Além de ficar maravilhado, percebi que ele era mais lucrativo. Isso foi no início, quando a droga ainda era rara. É fácil perceber quem toma. O usuário sempre anda com um kit rave: uma garrafinha de água, um Vick Vaporub, usado para dar sensação de frescor, um lança-perfume e óculos escuros ou coloridos para esconder os olhos virando no auge. Distribuí até dezembro de 2001, quando a barra pesou. Só consenti em ser internado porque já não agüentava mais."
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G., 19 ANOS (EX-USUÁRIO)
"As crises começaram a ficar freqüentes e cheguei até a bater na minha mãe"
"Como a maioria, comecei minha escalada com o álcool, aos 11 anos. Parti para a maconha e depois queria experimentar tudo. A primeira vez que tomei ecstasy foi em uma rave. Nessa fase eu freqüentava morro, mas começou a rolar muito tiroteio. Teve uma vez em que eu estava indo comprar maconha na Rocinha e começou uma troca de tiros doida entre a polícia e os bandidos. Um cara que estava do meu lado foi atingido. Fiquei impressionado com aquela cena. Podia ter sido comigo. Quando passei a tomar "bala" (ecstasy) o contexto mudou. Era outro mundo, bem menos perigoso. Numa rave, o máximo que acontece são os seguranças tomarem tua droga para vender para os outros. Só percebi que estava no fundo do poço no dia que cheguei em casa e comecei a discutir com minha irmã. Fui ficando irritado, quebrei tudo e ameacei me jogar do 2o andar. Depois as crises começaram a ficar mais freqüentes e cheguei até a bater na minha mãe. Fui internado e estou limpo há seis meses."
Fonte: Revista Época.
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